quinta-feira, 30 de julho de 2009

Francisco Louçã
em grande forma - 1

AINDA A
“GRANDE ENTREVISTA”
A JUDITE DE SOUSA

Ainda antes de escrever sobre o que ouvi, umas quantas palavras sobre o que vi. Vi um Louçã em grande forma, física e anímica, ao seu melhor nível. Todos conhecemos a exigente agenda eleitoral com que nos deparamos, é também conhecida a grande dependência que o BE ainda tem do seu Secretário Geral pelo que constatar isto não é pouca coisa.

Vamos agora ao que ouvi. Sem desmerecer a impiedosa critica aos actos deste governo (o Novo Código de Trabalho, o negócio com a Liscont, a privatização da Galp “a José Eduardo dos Santos e Américo Amorim", etc, etc…), até porque é merecida, prefiro passar directamente para a parte que me pareceu mais interessante: a de construir à esquerda para (re)construir uma alternativa para o país.

Decorre do que ouvi que o crescimento exponencial de votos para o BE, para além de não ser de circunstância, transforma-o no principal partido de esquerda na oposição. Ouvi-o considerar uma cisão no PS que aumentaria a esquerda à esquerda do PS, capaz de, junto com o BE, formar a Grande Esquerda. Capaz de fazer nascer o maior partido de esquerda do país, capaz de ganhar o país, para o governar. Capaz de ser governo.

Ouvi-o dizer que respeitava Manuel Alegre. Mas a saída próxima de Manuel Alegre do Parlamento Nacional, por si só, não serve como indicador, servindo, de forma diferente duas hipóteses: a continuação do status quo ou o abraçar dessa Esquerda Grande que referi acima. Uma certeza no entanto, a segunda só se verifica com Manuel Alegre.

O Cruz Mendes considera uma terceira hipótese: “a de uma transfiguração radical do PS, com a eleição de uma nova direcção, a adopção de uma nova linha política e a sua libertação da teia de interesses e compromissos onde se encontra enredado”. Francamente não a considero sequer teórica. Tal cenário só é possível, mesmo em teoria, pós-eleições legislativas, e decorrendo de uma derrota estrondosa do PS, o que em nada influência as contas pré-eleições. Estes meses próximos, de per si, serão pesados o suficiente, não precisam de mais carga.

Resta ao PS, ganhando, governar mais à esquerda, não de mote próprio certamente, mas forçado por uma maioria à sua esquerda ou assumir-se à direita governando com acordos pontuais, ou não.

O país nada ganhará se das próximas legislativas sair um governo PSD com ou sem PP. É um dilema nada simples, de facto, mas cuja respostas parece-me evidente. Aliás já ensaiada, nomeadamente, nesta entrevista de F. Louçã. É preciso pôr em evidência que entre o PS de Sócrates e o PSD de Manuela Ferreira Leite não há uma diferença no modelo de desenvolvimento que preconizam. Nem mesmo nos apoios sociais que o estado poderá dispor para ajudar a ultrapassar esta crise. No PS, o acordar agora para o óbvio, cheira a nafetalina, de tão recente saída do fundo do baú, no PSD as promessas do Portugal de Verdade certamente passarão por aqui. O PS e o PSD não se constituem como uma verdadeira alternativa, mas antes, como uma alternância a que importa pôr cobro.

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