sábado, 4 de julho de 2009

Escrita em dia (1)
A MORTE DE
PINA BAUSCH

Um curto período de internamento hospitalar obrigou-me a interromper, na semana que agora termina, a minha colaboração no “formiga”. E, durante esses dias, aconteceram tantas coisas sobre as quais gostaria de ter dado a minha opinião!

De todas, destaco a morte de Pina Bausch. Quem está menos atento à dança contemporânea, talvez tenha visto o filme de Almodóvar, “Fala com ela”. Lembram-se da sequência inicial? Dois desconhecidos assistem, lado a lado, a um espectáculo de dança. O palco está juncado de cadeiras e uma mulher, sozinha em cena, percorre-o uma e outra vez, aflitivamente, de braços estendidos, esbarrando-se nelas, derrubando-as, lançando-se contra as paredes… Um dos espectadores emociona-se. Era “Café Müller”, era Pina Bausch e não era caso para menos.

Não viram? Podem ainda pesquisar “Pina Bausch” no Google, onde vão encontrar extractos de algumas das suas coreografias. Há, ainda, um DVD de Fernando Lopes, o documentário “Lissabon- Wuppertal-Lisboa”. E um livro: Pina Bausch, "Falem-me de Amor", Lisboa, Fenda, 2005. Continua a ser possível descobri-la.

Durante toda a semana, foram publicados imensos textos sobre esta extraordinária coreógrafa. Estão ainda disponíveis na Internet. Não vou acrescentar nada.

Pina Bausch esteve várias vezes em Portugal e recordo a luta tantas vezes travada para conseguir bilhetes para as representações do Wupertaler Tanztheater. Eram sempre em Lisboa, esgotavam-se horas depois de abrir as bilheteiras, meses antes da data do espectáculo… Algumas vezes consegui – fui um privilegiado!

Não posso acreditar que a companhia de dança que dirigia se vá dissolver após a sua morte. Tenho esperança de ainda a voltar a ver. Infelizmente, no Porto, não será, porque o Rivoli, por onde já passaram Bill T. Jones, Merce Cunningham, Trisha Brown e William Forsythe, está agora nas mãos de Filipe La Feria… A segunda cidade deste país já não tem uma sala vocacionada para espectáculos assim.

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