sexta-feira, 14 de outubro de 2011

15 de Outubro – a revolta inevitável

O Orçamento de Estado para 2012 condena Portugal a trilhar os mesmos caminhos já percorridos pela Grécia. A receita da troika – violentas medidas de austeridade com um forte efeito recessivo – já foi ali experimentada com os resultados que se conhecem: a Grécia só não entrou ainda em bancarrota porque a França e a Alemanha temem as consequências disso sobre a sua propria banca. A Grécia é como um doente que só sobrevive porque está ligado à máquina. E o que se discute é se será ou não preferível desligá-la.

Ainda assim, Passos Coelho considera “indispensável” adoptar em Portugal a terapêutica que conduziu a Grécia a esta triste situação. E mais: parece-lhe indispensável reforçar as doses do mesmo medicamento e apresenta-se como sendo mais troikista que a própria troika.

Alguém acredita ainda que os cortes nos salários, nas pensões, nas indemnizações por despedimentos são provisórios? Quem o afirma é a mesma pessoa que ganhou as eleições prometendo não subir impostos e não tocar nos subsídios de férias e de Natal.

A redução drástica do poder de compra dos portugueses, e não apenas dos mais pobres mas também da classe média, só pode traduzir-se em mais falências, em mais desemprego e em mais pobreza. E, nestas circunstâncias, serão as próprias receitas fiscais do Estado que serão afectadas. Então, e mais uma vez em nome do equilíbrio orçamental, surgirão novas e cada vez mais gravosas medidas de austeridade.

Só é possível sair deste círculo vicioso renegociando a dívida, alargando prazos de pagamento e reduzindo juros. Só assim, será possível relançar a procura e estimular o investimento.

O que é que devemos privilegiar, a economia ou as finanças, os interesses das pessoas ou os interesses da banca? Nos EUA, o “movimento dos 99%”, “ocupar Wall Street”, deu-nos a resposta correcta. No dia 15 de Outubro, por todo o mundo realizar-se-ão manifestações que vão proclamar bem alto que o desemprego, a precariedade e a pobreza não são inevitáveis. Inevitável é a indignação e a revolta.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Onde está a justiça?

Passos Coelho aprova (sem pedir desculpa) sucessivos aumentos de impostos, contrariando todas as suas promessas eleitorais – mas sobe nas sondagens.

Jardim oculta uma dívida contraída para poder continuar a inaugurar obras de utilidade mais do que duvidosa e condena os madeirenses a duras políticas de austeridade – mas renova a sua maioria absoluta.

Isaltino desiste de provar a sua inocência – mas recorre a todos os expedientes legais para conseguir a prescrição de um processo judicial que já o condenou em todas as instâncias. Vai conseguir?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Eleições na Madeira

A campanha eleitoral na Madeira entrou na sua recta final e uma sondagem da Intercampus aponta para uma nova maioria absoluta do partido de Alberto João Jardim.

Uma vitória do PSD na Madeira não pode ser surpresa para ninguém, dada a poderosa rede clientelar montada por Jardim nas últimas décadas. Além disso, tem “obra” para apresentar.

É claro que eu também faria “obras” na minha casa se alguém se prontificasse a pagá-las. E essa é a novidade destas eleições. Os pagantes do costume (os “cubanos”), endividados como estão, obrigados a suportar penosas medidas de austeridade, mostram-se cada vez menos interessados em assumir os custos das obras do senhor da Madeira, tanto mais quanto se sabe que uma boa parte delas se realizaram tendo em vista não tanto o benefício das populações, como o de um grupo de construtores civis capitaneado por Jorge Ramos, o braço direito de Jardim. E, ainda, porque, soube-se agora, parte da dívida da Região estava oculta, isto é, foi contraída sem a autorização daqueles que a vão pagar.

Por tudo isto, a velha chantagem de Jardim – “ou pagam ou proclamamos a independência”, já não funciona. É que, no continente são cada vez mais os portugueses que já defendem que o melhor seria proclamarmos a nossa independência da Madeira.

Por tudo isto, também, a curiosa posição do partido de Passos Coelho: para não perder votos em lado nenhum, apoia Jardim na Madeira e critica-o no continente.