POLITICA E NEGÓCIOS:
A VISITA
DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
A PORTUGAL
José Chipasse vivia no bairro de Cambamba I, no Município do Kiamba Kiaxi, em Luanda. Sem aviso formal, o seu bairro, onde viviam mais de quatrocentas famílias foi invadido pela polícia nacional de Angola que desalojou os moradores de forma a permitir a intervenção das máquinas de uma empresa de construção civil que, de imediato, procederam à sua demolição. A resistência dos habitantes deu origem a actos de violência policial e a prisões.
Estes acontecimentos, descritos no último número do boletim Notícias da Amnistia Internacional, recentemente publicado, ocorreram no dia 28 de Setembro de 2004. Até hoje, não foram tomadas quaisquer medidas de realojamento.
Segundo a Amnistia Internacional, “estes acontecimentos (…) são apenas um exemplo das muitas histórias de despejos forçados que têm chegado de Angola. A situação remonta a 2002, quando o Governo Angolano deu início a grandes planos de reconstrução urbanística para Luanda. As «construções anárquicas» e «ilegais», como os bairros periféricos da cidade foram descritos, deveriam dar lugar a condomínios de luxo”.
Estes factos, que seriam motivo de escândalo em Portugal, devem ser considerados “normais” apenas porque se passam em África? Devemos fazer de conta que não sabemos de nada? Não estou a referir-me à relação entre Estados, nem quero comentar agora o significado de uma presença cada vez maior de capitais do Estado angolano e da família Santos (a distinção nem sempre é fácil…) na Banca portuguesa. Mas os partidos políticos portugueses que se pretendem democráticos, podem ignorar as perseguições políticas, a corrupção endémica, os níveis assustadores da miséria, a violação regular dos direitos humanos que persistem na realidade angolana, apenas porque se vislumbra a possibilidade de algumas grandes empresas portuguesas realizarem aí bons negócios?
Vê-se a televisão e lêem-se os jornais que noticiam a visita de José Eduardo dos Santos – e conclui-se que sim. No meio de tantas vénias e salamaleques, apenas o Bloco de Esquerda apareceu a destoar. Uma muito honrosa excepção.
Estes acontecimentos, descritos no último número do boletim Notícias da Amnistia Internacional, recentemente publicado, ocorreram no dia 28 de Setembro de 2004. Até hoje, não foram tomadas quaisquer medidas de realojamento.
Segundo a Amnistia Internacional, “estes acontecimentos (…) são apenas um exemplo das muitas histórias de despejos forçados que têm chegado de Angola. A situação remonta a 2002, quando o Governo Angolano deu início a grandes planos de reconstrução urbanística para Luanda. As «construções anárquicas» e «ilegais», como os bairros periféricos da cidade foram descritos, deveriam dar lugar a condomínios de luxo”.
Estes factos, que seriam motivo de escândalo em Portugal, devem ser considerados “normais” apenas porque se passam em África? Devemos fazer de conta que não sabemos de nada? Não estou a referir-me à relação entre Estados, nem quero comentar agora o significado de uma presença cada vez maior de capitais do Estado angolano e da família Santos (a distinção nem sempre é fácil…) na Banca portuguesa. Mas os partidos políticos portugueses que se pretendem democráticos, podem ignorar as perseguições políticas, a corrupção endémica, os níveis assustadores da miséria, a violação regular dos direitos humanos que persistem na realidade angolana, apenas porque se vislumbra a possibilidade de algumas grandes empresas portuguesas realizarem aí bons negócios?
Vê-se a televisão e lêem-se os jornais que noticiam a visita de José Eduardo dos Santos – e conclui-se que sim. No meio de tantas vénias e salamaleques, apenas o Bloco de Esquerda apareceu a destoar. Uma muito honrosa excepção.
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