sábado, 21 de março de 2009

OSKAR LAFONTAINE
EM PORTUGAL

No dia 29 de Março, Oskar Lafontaine, ex-presidente do SPD e antigo ministro de um governo social-democrata alemão, actualmente co-presidente do Partido Die Linke (A Esquerda), estará presente num encontro promovido pela Associação Forum Manifesto, no Hotel Ibis Saldanha, em Lisboa.

A "Manifesto" é formada por vários militantes do Bloco de Esquerda, como Miguel Portas, Ana Drago, Rogério Moreira e Daniel Oliveira, e outras personalidades independentes. Quanto ao Die Linke, recorde-se que se trata de um novo partido fundado na Alemanha a partir da reunião de dissidentes do SPD (o Partido Social-Democrata Alemão) com o PDS (Partido Democrata Socialista) que, por sua vez, foi fundado por alguns membros do antigo PSU (Partido Socialista Unificado), que se encontrava no poder na ex-RDA.

A propósito deste acontecimento, tavez seja interessante relembrar aqui um texto que Miguel Portas publicou, há cerca de dois meses, no seu blogue Sem Muros, a propósito de uma intervenção de Oskar Lafontaine numa reunião dos dissidentes do Partido Socialista Francês que viriam a fundar o Parti de Gauche. Dada a génese, a influência política e o êxito eleitoral que o Die Linke rapidamente alcançou, parece-me pertinente atender às suas opiniões a propósito da refundação e da união das esquerdas.

Resumo a sua intervenção em dois breves tópicos:

1. Razões do êxito do Linke Partei:
a) o esvaziamento de um espaço político à esquerda, pela disputa do “centro” entre o SPD e o PDC/CDU, ambos apostados na defesa de uma política neoliberal;
b) união de forças que se definem a si mesmas a partir de uma posição crítica anti-capitalista;
c) a capacidade que teve o novo partido de assumir um perfil claro, completamente diferente dos demais.

A propósito do referido na alínea c), Lafontaine adverte para o perigo de alianças políticas apreçadas. Pois ninguém compreenderia que um partido que queira afirmar a sua diferença, corra a juntar-se àqueles que já existiam. E refere as experiências negativas da Refundação Comunista, em Itália, e da Esquerda Unida, em Espanha.

2. Linhas programáticas do Linke Partei:
a) O capitalismo não é o “fim da história”: regresso ao espírito anti-capitalista dos anos 70;
b) A Nato já não é uma aliança militar defensiva, mas um mero instrumento da política imperialista dos EUA: saída da Alemanha da NATO e crítica das intervenções militares no Afeganistão e no Iraque;
c) Crítica da ideologia que defende a privatização dos serviços sociais, do sector energético e da banca.
d) Defesa de uma economia mista (com um sector privado, maioritário, e um sector público, detentor de empresas com uma importância económica estratégica).
e) Apoio às empresas sob autogestão operária e à participação dos trabalhadores nos capitais das empresas onde se encontram.
f) Crítica da “economia de casino” promovida actualmente pelo sector financeiro, que substitui o sector empresarial como vector dominante da economia capitalista, e defesa dos poderes reguladores do Estado.

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