terça-feira, 31 de março de 2009

APONTAMENTOS À MARGEM (4):
CINEMA
Clint Eastwood
Gran Torino
UM FILME A NÃO PERDER

Porque gosto de cinema, confesso que tenho cada vez mais dificuldades em ver as “fitas” que se vão passando agora para entreter um público pouco exigente e, de passagem, vender umas pipocas. Para ver bom cinema restam-me os DVDs. E, no entanto, surge, de longe a longe, um filme que me reconcilia com as salas onde, de facto, o cinema deve ser visto. É o caso do último filme de Climt Eastwood, Gran Torino. Climt Eastwood tem 78 anos e este será provavelmente o último filme que realiza. É, podemos dizê-lo, um filme testamento. Politicamente conservador, tornou-se famoso como actor dos filmes da série Dirty Harry, onde dá corpo à personagem de um polícia “musculado” que não hesita em agir à margem da lei quando se trata apanhar criminosos. E há momentos deste filme, onde essa imagem de vingador por conta própria parece querer ressurgir. Mas o justiceiro de então é agora um velho desiludido, estranho ao mundo onde vive, que conta como companhia uma cadela e como memória de um passado irremediavelmente perdido um velho Ford Gran Torino que cuida como uma relíquia sagrada. Climt Eastwood interpreta a personagem de um americano, viúvo, veterano da guerra da Coreia que, segundo diz o seu filho, “continua a viver nos anos 50”, Vive, isolado, num bairro habitado por vietnamitas, negros e mexicanos, por quem sente um imenso desprezo. Aliás, é também com um profundo desgosto que vê a sua própria família. Contudo, as relações que acaba por estabelecer com os seus vizinhos imigrantes, vai permitir-lhe redimir-se de velhas culpas, descobrir novas razões para uma vida ética e, ao mesmo tempo, dar um sentido à morte que se aproxima.

1 comentário:

  1. São 23h58m. Acabo de vir do cinema onde, em boa hora, foi ver Gran Torino de Clint Eastwood.
    Agora que estou em casa, sei que foi ver o filme com a minha mulher e regressei com mais três amigos para a vida: Walt Kowalski, Vang e o jovem Thao.
    Um filme que o velhinho Dirty Harry jamais irá compreender.

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