segunda-feira, 29 de março de 2010

Passos Coelho, presidente do PSD

E AGORA?

Releio os jornais deste fim-de-semana e detenho-me nos artigos acerca da vitória de Passos Coelho. Analisam-se os resultados das directas, identificam-se vencedores e vencidos e examina-se a nova situação política criada. Daniel Oliveira afirma que o PS se encontra perante um dilema: perante um PSD claramente posicionado à direita, ou se demarca procurando reposicionar-se à esquerda (e nesse caso, terá de se libertar de Sócrates) ou defende-o e perde no confronto com um líder do PSD muito menos desgastado e mais consequentemente neoliberal. É claro que espera que o PS adopte a 1ª opção, mas talvez esteja a cair numa velha armadilha - a de confundir os seus desejos com a realidade. Na verdade, o PEC motivou mutas críticas de figuras destacadas, porém não surgiu ainda não surgiu nenhuma capaz de congregar em torno de si um movimento de oposição à actual direcção e José Sócrates não é daqueles que desista e saia pelo seu pé.

Pela minha parte, serei mais prudente. Admito que Sócrates possa tentar de novo o golpe de se apresentar como o único representante da “esquerda possível” contra a ofensiva duma direita radical. Com alguma cosmética eleitoral, vai tentar aparecer como o líder duma "esquerda moderada" e acusar uma "extrema-esquerda irresponsável" de fazer o jogo da direita. Já resultou uma vez, pode resultar de novo.

Quanto ao mais, de seguro, quem nós conhecemos é o “Pedro Passos Coelho, candidato a presidente do PSD” (por comodidade, chamemos-lhe PPP1). Falta-nos ainda conhecer o “Pedro Passos Coelho, chefe do maior partido da oposição” (PPP2) e o “Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro” (PPP3).

Não creio que devamos confundir estas três personagens. PPP1 votava contra o OGE, contra o PEC, ia encostar o PS à parede e não receava provocar a curto prazo uma crise política e a demissão do governo. Posicionava-se claramente à direita e assumia uma postura neoliberal. PPP2 será mais prudente e, claro está, porque é “responsável” e “patriota”, fará as concessões que tiverem de ser feitas. Entretanto, vai-se preparando para eleições antecipadas. A escolha do pretexto e do timing mais justo vai ser decisiva. E, caso as ganhe, o que vai fazer o PPP3? Contrariando o sábio conselho do João Pinto (“previsões só no fim do jogo”), arrisco aqui um prognóstico: no essencial, vai fazer o mesmo que José Sócrates.

JS tem contra si uma imagem muito desgastada. PPP tem a seu favor o factor novidade. Apesar disso, haverá quem pense que mais vale apostar na continuidade. Sabem com o que contam e nem todos se têm saído mal. Outros acharão que talvez seja necessário mudar qualquer coisa para que tudo fique na mesma. Quem reealmente quiser mudar terá que fazer outras opções.

1 comentário:

  1. Analisam-se;identificam-se;Pela minha parte, serei mais prudente;PPP1, PPP2, PPP3;

    Não acha que deveriam ser os intelectuais a pagar a crise?

    ResponderEliminar