quinta-feira, 8 de abril de 2010

Regresso a casa

Depois de uns dias de férias, passo em revista os jornais da semana. Dois temas parecem ter dominado a comunicação social: os casos de pedofilia em instituições da Igreja Católica e o caso dos submarinos.

Sobre o primeiro, o mais espantoso é o facto de ser polémico. Os casos estão comprovados e são muitos, em muitos países e ocorreram (ainda ocorrem?) ao longo de muitos anos. Não há desmentidos. Para além das questões éticas implícitas, trata-se de práticas criminosas. Pareceria normal que os responsáveis fossem incriminados, julgados e punidos, fossem eles autores de crimes de abuso sexual de menores ou encobridores dessas práticas. Seria assim se se tratasse do senhor José ou do senhor João. Por que é que há-de ser diferente tratando-se do padre Manuel ou do bispo D. António? A lei é igual para todos. E, no entanto, só se conhecem as vítimas. Os culpados são anónimos e ficam impunes.

A notícia que gostaria de ler seria assim: “A autoridade religiosa X, tendo tomado conhecimento da ocorrência de casos de abuso sexual de menores praticados na instituição Y, denunciou as pessoas implicadas à Justiça”. Eximia-se assim de qualquer acusação de cumplicidade e dispensava-se das figuras tristes que tem feito, procurando aparecer como vítima de uma campanha anti-católica. Mas esta notícia não se encontra na comunicação social e duvido que venha a ser escrita.

Quanto ao caso dos submarinos, surgiram novos desenvolvimentos originados pala investigação levada a cabo pela revista Der Spiegel. Antes disso, já tinham sido colocadas questões que nunca encontraram respostas minimamente satisfatórias. Desde logo, ninguém sabe para que é que Portugal precisa de submarinos. Depois, porque é que foi aceite sem grandes protestos que a empresa alemã que os vendeu se tenha rapidamente esquecido das contrapartidas negociadas. Novidade (mas sem surpresa) foi saber-se que o negócio envolveu o pagamento de luvas. Falta saber (e saber-se-á alguma vez?) a lista de todos os felizes contemplados.

Também sobre isto sou capaz de imaginar uma boa notícia: “Dado o incumprimento do contrato assinado entre o Estado português e a Man Ferrostaal e as práticas fraudulentas que envolveram a sua assinatura, o governo renuncia á compra dos dois submarinos Tridente”. Talvez se poupasse assim, pelo menos, parte dos 880 milhões de euros, o preço desses dois dispendiosos brinquedos. Mas esta notícia, provavelmente, também nunca será escrita.

Outras notícias, mais recentes, referem-se aos projectos assinados pelo eng.º técnico José Sócrates e aos vencimentos de António Mexia. Ficam para um próximo post.

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