Passos Coelho, presidente do PSD
E AGORA?
E AGORA?
Releio os jornais deste fim-de-semana e detenho-me nos artigos acerca da vitória de Passos Coelho. Analisam-se os resultados das directas, identificam-se vencedores e vencidos e examina-se a nova situação política criada. Daniel Oliveira afirma que o PS se encontra perante um dilema: perante um PSD claramente posicionado à direita, ou se demarca procurando reposicionar-se à esquerda (e nesse caso, terá de se libertar de Sócrates) ou defende-o e perde no confronto com um líder do PSD muito menos desgastado e mais consequentemente neoliberal. É claro que espera que o PS adopte a 1ª opção, mas talvez esteja a cair numa velha armadilha - a de confundir os seus desejos com a realidade. Na verdade, o PEC motivou mutas críticas de figuras destacadas, porém não surgiu ainda não surgiu nenhuma capaz de congregar em torno de si um movimento de oposição à actual direcção e José Sócrates não é daqueles que desista e saia pelo seu pé.
Pela minha parte, serei mais prudente. Admito que Sócrates possa tentar de novo o golpe de se apresentar como o único representante da “esquerda possível” contra a ofensiva duma direita radical. Com alguma cosmética eleitoral, vai tentar aparecer como o líder duma "esquerda moderada" e acusar uma "extrema-esquerda irresponsável" de fazer o jogo da direita. Já resultou uma vez, pode resultar de novo.
Quanto ao mais, de seguro, quem nós conhecemos é o “Pedro Passos Coelho, candidato a presidente do PSD” (por comodidade, chamemos-lhe PPP1). Falta-nos ainda conhecer o “Pedro Passos Coelho, chefe do maior partido da oposição” (PPP2) e o “Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro” (PPP3).
Não creio que devamos confundir estas três personagens. PPP1 votava contra o OGE, contra o PEC, ia encostar o PS à parede e não receava provocar a curto prazo uma crise política e a demissão do governo. Posicionava-se claramente à direita e assumia uma postura neoliberal. PPP2 será mais prudente e, claro está, porque é “responsável” e “patriota”, fará as concessões que tiverem de ser feitas. Entretanto, vai-se preparando para eleições antecipadas. A escolha do pretexto e do timing mais justo vai ser decisiva. E, caso as ganhe, o que vai fazer o PPP3? Contrariando o sábio conselho do João Pinto (“previsões só no fim do jogo”), arrisco aqui um prognóstico: no essencial, vai fazer o mesmo que José Sócrates.
JS tem contra si uma imagem muito desgastada. PPP tem a seu favor o factor novidade. Apesar disso, haverá quem pense que mais vale apostar na continuidade. Sabem com o que contam e nem todos se têm saído mal. Outros acharão que talvez seja necessário mudar qualquer coisa para que tudo fique na mesma. Quem reealmente quiser mudar terá que fazer outras opções.
Analisam-se;identificam-se;Pela minha parte, serei mais prudente;PPP1, PPP2, PPP3;
ResponderEliminarNão acha que deveriam ser os intelectuais a pagar a crise?