Sondagens - Legislativas
Que leitura é possível fazer das sondagens recentemente publicadas acerca da intenção de voto em futuras eleições legislativas? Refiro-me nomeadamente às sondagens realizadas pela Intercampus, Universidade Católica e Eurosondagens baseadas em inquéritos realizados entre os finais de Fevereiro e os primeiros dias de Março.
Antes de mais, existe uma variação muito grande nos resultados obtidos, particularmente pelos partidos mais pequenos. Assim, o CDS-PP obteria 7,8% segundo a Intercampus, 10%, segundo a UC e 14%, segundo a Eurosondagens; e o BE teria, respectivamente, 10%, 6% e 8%.
Isto previne-nos para a necessidade de julgar com muitas reservas estes resultados. No entanto, há algumas invariantes sobre as quais talvez seja possível retirar algumas conclusões.
1º) Em todas elas o partido mais votado é o PS (Com 40,3%, 36,9% e 41%). Nas sondagens da Intercampus e da Eurosondagens apresenta-se mesmo com uma maioria próxima da maioria absoluta.
2º) Contudo, quando consultados a propósito da actuação do governo, a maioria dos inquiridos atribui-lhe nota negativa, o que nos leva a crer que, quando votam no PS, não o fazem por apoiarem a sua política, mas apenas porque não encontram alternativas favoráveis nos partidos da oposição.
3º) Este apoio baseado no princípio do “mal menor”, não autoriza o PS a encarar com optimismo futuras eleições. Tanto mais que se verifica em todas as sondagens citadas que a soma dos votos PSD com os do CDS-PP supera os resultados obtidos pelo PS e indicia mesmo a possibilidade duma eventual nova Aliança Democrática poder alcançar a maioria absoluta (42,1%, 41% e 43%). Essa hipótese tenderá a ganhar mais peso a partir do momento em que o PSD resolva o seu problema de liderança.
4º) Por outro lado, a possibilidade de contrapor a essa possível maioria de direita uma maioria de esquerda é pouco credível, uma vez que, repetidamente, se tem verificado que essa maioria não tem funcionado.
5º) O PS sempre que precisa de uma maioria parlamentar para fazer passar as suas propostas, prefere fazer acordos com os partidos à sua direita. O momento em que a direita vai recusar viabilizar leis fundamentais e exigir novas eleições chegará mais cedo ou mais tarde. E os eleitores, cansados de uma política de direita travestida de “socialista”, são bem capazes de querer experimentar o produto original e de dispensar este sucedâneo socrático.
Conclusão: ao colocar o BE e o PCP à margem de qualquer negociação que se relacione com a política económica e social do governo, o PS faz passar para a opinião pública a mensagem de que só são exequíveis as opções políticas apoiadas ou toleradas pela direita. E, sendo assim, está a preparar de facto o regresso do PSD e do CDS-PP ao poder.
Que leitura é possível fazer das sondagens recentemente publicadas acerca da intenção de voto em futuras eleições legislativas? Refiro-me nomeadamente às sondagens realizadas pela Intercampus, Universidade Católica e Eurosondagens baseadas em inquéritos realizados entre os finais de Fevereiro e os primeiros dias de Março.
Antes de mais, existe uma variação muito grande nos resultados obtidos, particularmente pelos partidos mais pequenos. Assim, o CDS-PP obteria 7,8% segundo a Intercampus, 10%, segundo a UC e 14%, segundo a Eurosondagens; e o BE teria, respectivamente, 10%, 6% e 8%.
Isto previne-nos para a necessidade de julgar com muitas reservas estes resultados. No entanto, há algumas invariantes sobre as quais talvez seja possível retirar algumas conclusões.
1º) Em todas elas o partido mais votado é o PS (Com 40,3%, 36,9% e 41%). Nas sondagens da Intercampus e da Eurosondagens apresenta-se mesmo com uma maioria próxima da maioria absoluta.
2º) Contudo, quando consultados a propósito da actuação do governo, a maioria dos inquiridos atribui-lhe nota negativa, o que nos leva a crer que, quando votam no PS, não o fazem por apoiarem a sua política, mas apenas porque não encontram alternativas favoráveis nos partidos da oposição.
3º) Este apoio baseado no princípio do “mal menor”, não autoriza o PS a encarar com optimismo futuras eleições. Tanto mais que se verifica em todas as sondagens citadas que a soma dos votos PSD com os do CDS-PP supera os resultados obtidos pelo PS e indicia mesmo a possibilidade duma eventual nova Aliança Democrática poder alcançar a maioria absoluta (42,1%, 41% e 43%). Essa hipótese tenderá a ganhar mais peso a partir do momento em que o PSD resolva o seu problema de liderança.
4º) Por outro lado, a possibilidade de contrapor a essa possível maioria de direita uma maioria de esquerda é pouco credível, uma vez que, repetidamente, se tem verificado que essa maioria não tem funcionado.
5º) O PS sempre que precisa de uma maioria parlamentar para fazer passar as suas propostas, prefere fazer acordos com os partidos à sua direita. O momento em que a direita vai recusar viabilizar leis fundamentais e exigir novas eleições chegará mais cedo ou mais tarde. E os eleitores, cansados de uma política de direita travestida de “socialista”, são bem capazes de querer experimentar o produto original e de dispensar este sucedâneo socrático.
Conclusão: ao colocar o BE e o PCP à margem de qualquer negociação que se relacione com a política económica e social do governo, o PS faz passar para a opinião pública a mensagem de que só são exequíveis as opções políticas apoiadas ou toleradas pela direita. E, sendo assim, está a preparar de facto o regresso do PSD e do CDS-PP ao poder.
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