quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Morreu Daniel Bensaïd



Foi um dos fundadores da Liga Comunista Revolucionária e do Novo Partido Anticapitalista francês e dirigente da IV Internacional. Deste filósofo e dirigente político trotskysta, existem várias obras traduzidas e editadas em Portugal. Entre elas, Trotskysmos (Edições Combate, 2008), um mapa muito útil das muitas cisões e tentativas de reunificação vividas pelas organizações trotskystas desde a fundação da primeira IV Internacional até aos nossos dias. Uma história das suas tentativas persistentes (e a meu ver, um tanto patéticas) para conciliar teorias tidas por inquestionáveis com realidades que persistem em desmenti-las.

Segundo Bensaïd, “o afundar do ‘socialismo realmente existente’ libertou uma nova geração de anti-modelos que envenenam o imaginário e comprometem a ideia do comunismo. Mas, a alternativa à barbárie do Capital não se desenhará sem um balanço sério do século que se conclui. Neste sentido, pelo menos, um certo troyskysmo, ou um certo espírito dos trotskysmos, não está ultrapassado. A sua herança sem manual de instruções é, sem dúvida, insuficiente, mas não menos necessária para desfazer a amálgama entre estalinismo e comunismo, libertar os vivos do peso dos mortos e virar a página das desilusões” (ob. cit., p.133).

Não partilhando grande parte das suas ideias, não posso deixar de afirmar que, com a sua morte, a esquerda ficou mais pobre.

Sem comentários:

Enviar um comentário