Debate Francisco Louçã – Jerónimo de Sousa
Entre o Bloco e o PCP, há uma convergência evidente nas posições políticas face à crise e ao programa que nos foi imposto pela troika. Apenas uma divergência, aliás levemente aflorada, parece afastar os dois partidos. Enquanto o Bloco aposta num reforço da solidariedade europeia, implicando uma evolução no sentido do federalismo, o PCP refugia-se numa retórica “patriótica”, tendo Jerónimo de Sousa chegado mesmo a admitir a possibilidade de saída do euro, liminarmente recusada por Louçã.
Ficaram, portanto bem definidos os dois campos em que se divide o espectro político português: por um lado, o PS, o PSD e o CDS, isto é, aqueles que assinaram o acordo com a troika e se comprometerem a aplicar o seu programa; por outro o Bloco e o PCP que criticam os termos desse acordo e defendem a reestruturação da dívida.
Provavelmente, no futuro, o PSD e o CDS estarão no governo e assumirão a responsabilidade das consequências da aplicação do programa da troika. O Bloco e o PCP estarão na oposição, resistindo com a força que os portugueses lhe quiserem dar às políticas de cortes nos salários, nas pensões e na segurança social com que nos ameaçam.
Quanto ao PS não se sabe bem onde vai estar. No governo não será com certeza, mesmo que ganhe as eleições, porque tanto Passos Coelho como Paulo Portas já disseram que não se aliariam com José Sócrates e ninguém acredita na hipótese de uma reedição dum governo minoritário. Ficará na oposição a criticar a aplicação de um programa que subscreveu e que já considerou como “bom”?
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