Alternativas eleitorais em tempos de crise e de FMI
A um mês das eleições, multiplicam-se as sondagens de opinião. PS e PSD aparecem empatados. 30% dos eleitores hesitam. Coloca-se, portanto, a questão: em quem devemos votar?
Comecemos por enunciar os factos: a economia portuguesa está mergulhada na recessão; o desemprego atinge (números oficiais) 700.000 trabalhadores; 2 milhões de portugueses vivem na pobreza; Portugal é um dos países da Europa onde as desigualdades sociais são mais profundas; o país encontra-se próximo da bancarrota.
Quem nos conduziu até aqui? Quem tem de ser responsabilizado? Aqueles que governaram o país nestes últimos seis anos merecem o nosso voto?
O governo assinou um acordo com o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Mais sacrifícios vão ser pedidos aos portugueses. No acordo assinado está prevista uma distribuição equitativa desses sacrifícios ou será que eles vão pesar, mais uma vez, sobre os mesmos de sempre, quer dizer, sobre os mais pobres e desfavorecidos?
O acordo que vai ser assinado pelo PS, pelo PSD e pelo CDS prevê congelamento de salários e de pensões (quando a inflação aumenta), aumento de impostos (nomeadamente do IVA), aumento do desemprego (para 13% da população activa, estimativas oficiais), cortes no subsídio de desemprego, na educação e na saúde públicas. De impostos sobre as grandes fortunas não se fala. De impostos sobre as mais-valias obtidas na Bolsa pelas SGPS ou sobre as transferências de capitais para off-shores, também não. Entretanto, do empréstimo obtido junto da troika (e que todos nós vamos pagar com sangue, suor e lágrimas) 12 mil milhões de euros vão direitinhos para a banca. Todos aqueles partidos acham isto “bom”. E nós?
As medidas de austeridade previstas são injustas porque vão atingir sobretudo a classe média, os desempregados, os reformados, os pequenos e médios empresários e, de uma maneira geral, todos os trabalhadores assalariados. Mas, passados dois ou três anos de sacrifício, virão tempos melhores?
Garantidamente, sabe-se que provocarão uma descida do PIB em 2% em cada um dos próximos dois anos. Em troca, recebemos um financiamento que nos permitirá, no curto prazo, tapar alguns buracos. Pergunta-se: com a economia lançada na recessão, como vamos saldar, depois disso, as nossas dívidas? Em 2014, voltaremos a recorrer aos mercados financeiros. Isto é, voltaremos a estar nas mãos dos agiotas que nos compram títulos de dívida pública a juros incomportáveis.
Haverá uma alternativa? O BE e o PCP defendem que a reestruturação da dívida, a renegociação dos juros e dos prazos de pagamentos, de forma permitir o investimento público e privado e a relançar a economia, é o único caminho que nos pode afastar do abismo da insolvência. Para os “especialistas” que nos têm governado são propostas irrealistas. Mas é bem provável que as propostas irrealistas de hoje se revelem indispensáveis amanhã. Só que, entretanto, ocorrerão mais falências, mais desemprego e mais pobreza.
Olhemos para a Grécia. Em quem devemos votar?
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