quinta-feira, 27 de maio de 2010

Os desempregados que paguem a crise

O governo resolveu retirar os apoios sociais extraordinários que tinham sido atribuídos àqueles a quem a crise lançou no desemprego. Nomeadamente, retira-se o prolongamento por mais seis meses do subsídio social de desemprego, o tempo mínimo de descontos, que era de um ano, passa para ano e meio, e põe-se fim ao acréscimo de 10% para os beneficiários com filhos a cargo.

Dir-se-ia que o flagelo do desemprego está em vias de ser resolvido e que tais medidas deixaram de ser necessárias. Infelizmente não é assim. Ainda recentemente, a OCDE previu que a taxa de desemprego chegará aos 10,6% no final deste ano e de 10,4% em 2011. Contudo, a ministra Helena André considera que aquilo que importa é estimular os desempregados a encontrar trabalho. Ou seja, culpabiliza aqueles que se encontram na pobreza (são mais de 600 mil “calaceiros”…) pela sua situação em vez de explicar que resultados se podem esperar da procura de trabalho quando não há oferta de empregos dignos desse nome.

Trata-se apenas, evidentemente, de mais uma medida de austeridade que visa realizar poupanças, atingindo duramente os cidadãos que a crise atirou para o desemprego.

Não se nega a necessidade de pôr em ordem as contas públicas, mas será que não há outras alternativas para o combate ao défice? Ou simplesmente é mais fácil fazê-lo à custa dos mais pobres e desprotegidos do que dos ricos e poderosos? Alguém conhece uma reacção do governo ou do PS às propostas do Bloco para taxar convenientemente os lucros da banca, os bónus milionários dos gestores das grandes empresas e as transacções de capitais para off-shores?

A coragem que este governo exibe quando se trata de atingir os mais fracos, transforma-se em cobardia quando tem de enfrentar os mais fortes. Por isso, é que, no próximo sábado, se espera, em Lisboa, uma grande manifestação da CGTP capaz de fazer ouvir bem um sonoro e claro BASTA!

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