Falar claro
As medidas de austeridade que constam do PEC, agora muito agravadas por aquelas que foram anunciadas por José Sócrates e que contaram com o acordo de Passos Coelho, podem relançar o país na recessão económica. Agravam a situação dramática em que vivem já 600 mil desempregados e cerca de 2 milhões de pobres e põem em causa o futuro das prestações sociais, da Educação e da Saúde pública.
Dito isto, é necessário recordar que dependemos do financiamento externo e, que se continuarmos a pagar as dívidas contraídas a juros exorbitantes, poderemos chegar a uma situação semelhante àquela que se vive hoje na Grécia. E, então, tudo aquilo que foi dito no primeiro parágrafo deste texto será pouco para descrever a situação que iremos viver.
Bruxelas exige que o nosso défice no fim de 2010 não ultrapasse os 7,3% e, mesmo discordando desse número, neste momento não me parece que esteja na nossa mão regateá-lo. Assim, quaisquer críticas às medidas de austeridade anunciadas têm de ser acompanhadas por propostas alternativas que nos permitam alcançar o mesmo objectivo, sem penalizar os mais fracos e desprotegidos, mas exigindo dos privilegiados um esforço que esteja à altura da sua riqueza e das suas responsabilidades.
Essa será a função duma esquerda credível e responsável. Pelo contrário, contrapor, sem mais, às medidas de austeridade avançadas pelo governo propostas favoráveis ao crescimento económico não é sério porque não é possível resolver problemas que exigem uma resposta imediata com medidas que, na melhor das hipóteses, darão fruto a médio ou a longo prazo.
Não significa isto que propostas para a redução do défice já em 2010 não devam ser articuladas com outras favoráveis ao crescimento económico. É mesmo obrigatório que assim aconteça sob pena de estarmos apenas a adiar problemas, a resolvê-los hoje para os reencontrarmos amanhã. O que não é possível é esperar que problemas como a perda de competitividade e o lento crescimento da economia nacional possam ser resolvidos dum dia para o outro e muito menos que, para isso, baste um apoio indiscriminado a todo o investimento público.
A resposta à rendição incondicional às políticas da direita protagonizada pelo PS de José Sócrates não pode estar numa aposta na demagogia e no populismo, como aquela que, na minha opinião, tem sido protagonizada pelo PCP. Ambas desacreditam a esquerda e abrem caminho a uma futura vitória de Passos Coelho.
Numa situação de ameaça de insolvência do Estado português, em 1983, um governo liderado por Mário Soares assinou um acordo com o FMI. Seguiram-se anos de grandes sacrifícios que, como sempre, atingiram sobretudo os mais pobres. No fim, Cavaco Silva, à frente do PSD, ganhou as eleições. E seguiram-s dez anos do cavaquismo. Esperemos que o Bloco e a esquerda do PS saibam encontrar os caminhos que nos afastem duma reedição dessa penosa experiência.
As medidas de austeridade que constam do PEC, agora muito agravadas por aquelas que foram anunciadas por José Sócrates e que contaram com o acordo de Passos Coelho, podem relançar o país na recessão económica. Agravam a situação dramática em que vivem já 600 mil desempregados e cerca de 2 milhões de pobres e põem em causa o futuro das prestações sociais, da Educação e da Saúde pública.
Dito isto, é necessário recordar que dependemos do financiamento externo e, que se continuarmos a pagar as dívidas contraídas a juros exorbitantes, poderemos chegar a uma situação semelhante àquela que se vive hoje na Grécia. E, então, tudo aquilo que foi dito no primeiro parágrafo deste texto será pouco para descrever a situação que iremos viver.
Bruxelas exige que o nosso défice no fim de 2010 não ultrapasse os 7,3% e, mesmo discordando desse número, neste momento não me parece que esteja na nossa mão regateá-lo. Assim, quaisquer críticas às medidas de austeridade anunciadas têm de ser acompanhadas por propostas alternativas que nos permitam alcançar o mesmo objectivo, sem penalizar os mais fracos e desprotegidos, mas exigindo dos privilegiados um esforço que esteja à altura da sua riqueza e das suas responsabilidades.
Essa será a função duma esquerda credível e responsável. Pelo contrário, contrapor, sem mais, às medidas de austeridade avançadas pelo governo propostas favoráveis ao crescimento económico não é sério porque não é possível resolver problemas que exigem uma resposta imediata com medidas que, na melhor das hipóteses, darão fruto a médio ou a longo prazo.
Não significa isto que propostas para a redução do défice já em 2010 não devam ser articuladas com outras favoráveis ao crescimento económico. É mesmo obrigatório que assim aconteça sob pena de estarmos apenas a adiar problemas, a resolvê-los hoje para os reencontrarmos amanhã. O que não é possível é esperar que problemas como a perda de competitividade e o lento crescimento da economia nacional possam ser resolvidos dum dia para o outro e muito menos que, para isso, baste um apoio indiscriminado a todo o investimento público.
A resposta à rendição incondicional às políticas da direita protagonizada pelo PS de José Sócrates não pode estar numa aposta na demagogia e no populismo, como aquela que, na minha opinião, tem sido protagonizada pelo PCP. Ambas desacreditam a esquerda e abrem caminho a uma futura vitória de Passos Coelho.
Numa situação de ameaça de insolvência do Estado português, em 1983, um governo liderado por Mário Soares assinou um acordo com o FMI. Seguiram-se anos de grandes sacrifícios que, como sempre, atingiram sobretudo os mais pobres. No fim, Cavaco Silva, à frente do PSD, ganhou as eleições. E seguiram-s dez anos do cavaquismo. Esperemos que o Bloco e a esquerda do PS saibam encontrar os caminhos que nos afastem duma reedição dessa penosa experiência.
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