quinta-feira, 6 de maio de 2010

O TGV na Assembleia da República

A proposta do CDS-PP de suspender, por decisão da AR, a adjudicação do troço Poceirão – Caia, pontapé de saída da construção da linha de alta velocidade Lisboa – Madrid está condenada ao fracasso, pois tem a oposição do PS, do BE e da CDU.

A posição do PS está de acordo com as posições que assumiu durante a última campanha eleitoral. Mas, como explicar a opção dos partidos à sua esquerda?

Comecemos por pôr de lado reacções pavlovianas do tipo “se a direita é contra, então nós, que somos de esquerda, estamos a favor”, até porque o mesmo raciocínio pode ser, com a mesma legitimidade, invertido: “se o governo é a favor, então nós, que somos oposição, estamos contra”.

Deixemos também de lado raciocínios do género “num contexto de crise, o investimento privado retrai-se e é necessário apostar no investimento público”. O dinheiro não cai da telha e está cada vez mais caro. O investimento no TGV far-se-á à custa da redução do investimento público noutras áreas onde seria mais útil, porque mais capaz de favorecer a reanimação da indústria nacional e de criar emprego no curto prazo.

Finalmente, que fique claro que não subestimo a importância da ligação de Portugal à rede europeia de alta velocidade. Trata-se de uma questão de oportunidade: quando mal temos dinheiro para o frango, não podemos encomendar faisão. Ou podemos, mas depois virá a conta e não tenho dúvidas acerca de quem vai ser chamado a pagá-la.

Quanto vai custar o TGV? O troço Poceirão - Caia está orçamentado em 1359 milhões de euros. A isso terá que se juntar o preço da ligação a Lisboa, incluindo o da 3ª ponte sobre o Tejo. De facto, ninguém sabe quanto nos custará, se tivermos em conta a mais que provável derrapagem. Preparamo-nos para dar um salto no escuro. Só depois se verá se vamos cair num abismo.

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