Reproduzo aqui um quadro comparativo das últimas sondagens e dos resultados das legislativas de 2009. Os inquéritos da sondagem da Marktest foram realizados entre 20 e 25 de Abril, os da Aximage entre 4 e 7 de Maio, e os da Eurosondagens entre 13 e 18 de Maio). As últimas eleições para a AR realizaram-se em 17 de Setembro de 2009.
Que conclusões se podem tirar daqui? Ninguém poderá afirmar com certeza quem seria o vencedor (o PS ou o PSD?) de eleições legislativas que se realizassem neste momento. A votação no CDS-PP parece também envolta na maior das incertezas. Percebe-se, no entanto que o crescimento do PSD tende a fazer-se, sobretudo, à custa do eleitorado do partido de Paulo Portas, sendo possível ao PS obter um resultado pouco inferior àquele que conseguiu nas últimas legislativas. Nesse caso, uma maioria absoluta dos partidos da direita não estaria assegurada. Compreende-se que Passos Coelho não tenha pressa em antecipá-las. Julga, e provavelmente bem, que o tempo há-de jogar a seu favor.
Por outro lado, se não se pode falar ainda numa maioria de direita, muito menos se poderá considerar a possibilidade de uma maioria de esquerda. Os resultados da moção de censura entregue pela CDU comprovam claramente que é impossível somar os deputados eleitos pelas CDU ou pelo Bloco aos do PS. Além disso, a acreditar na sondagem da Marktest, uma transferência significativa de votos pode ocorrer do CDS-PP para o PSD, mas nenhuma delas nos permite pensar que se deva esperar o mesmo do BE e da CDU para o PS. Sendo assim, o argumento da ingovernabilidade, esgrimido por Sócrates quando ainda sonhava com a renovação da maioria absoluta, volta-se contra ele próprio: quem considerar que a crise económica e financeira exige um governo de maioria absoluta votará nos partidos da direita e ficará à espera de um entendimento Passos Coelho – Paulo Portas que, passadas as eleições, não há-de ser difícil.
Finalmente, a realização neste momento de eleições para a AR não parece beneficiar os partidos à esquerda do PS, curiosamente aqueles que votaram a favor duma moção de censura que, a ser aprovada, faria cair o governo. De facto, não parecem estar a conseguir capitalizar a seu favor o descontentamento popular. A CDU, em princípio, limitar-se-ia a manter o eleitorado que lhe tem sido fiel e, o Bloco obteria mesmo votações inferiores às das últimas legislativas. Talvez fosse boa altura para os militantes destes partidos colocarem a si mesmos esta questão inevitável: Porquê?
"Ao lado" deste post: morreu o Ademar Ferreira dos Santos, figura de referência na luta pela preservação da memória de Bracara Augusta.
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