segunda-feira, 17 de maio de 2010

O PCP vai apresentar uma moção de censura

Em princípio, quando um partido apresenta uma moção de censura na AR quer que ela seja aprovada. Sendo assim, aquilo que o PCP desejaria era a queda do governo e a realização de eleições antecipadas. Para quê? Dessas eleições, a acreditar nas últimas sondagens, sairia vencedor o PSD. Por outro lado, julgo que qualquer pessoa perceberá que a abertura de uma crise política neste momento só poderia resultar num agravamento brutal das condições de financiamento externo de que dependemos. Já o disse aqui e repito-o: em última análise, o vencedor das eleições seria o FMI.

Portanto, pergunto de novo: o que quer o PCP? Um governo de Passos Coelho nas mãos do FMI? Ou considera simplesmente que nada disso importa desde que a CDU possa capitalizar o descontentamento popular e eleger mais dois ou três deputados, ultrapassando na “tabela classificativa” o execrado Bloco de Esquerda?

Resta, é claro, uma outra hipótese. O PCP vai apresentar uma moção de censura, mas não quer que ela seja aprovada. Por isso, Jerónimo de Sousa não se esqueceu de dizer que a sua moção não condenava apenas o governo mas também o PSD. Havia que garantir a sua rejeição.

Pergunto pela última vez: se a moção do PCP não é para levar a sério, para que serve então? É uma mera jogada de propaganda política: o PCP quer aproveitar o balanço da manifestação da CGTP para se apresentar ao país como o mais consequente partido da esquerda e o crítico mais radical do PEC. O Bloco fica condenado a seguir a reboque da "vanguarda da classe operária" ou a aparecer como um partido que contemporiza com as políticas governamentais.

Por mim, acho muito bem que se critique o PEC. Mas o PCP, em vez de nos entreter com politiquice barata, melhor faria que fosse capaz de apresentar alternativas justas, fiáveis e susceptíveis de serem aplicadas com a urgência que a actual situação exige.

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