O BE pode viabilizar um governo minoritário PS?
Apareceu no Esquerda.net um artigo do João Delgado (membro da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, eleito pela lista C) sobre a questão da “governabilidade”, onde defende que, para ser coerente com o “programa de governo” do BE que se encontra em discussão, o Bloco não deve viabilizar um governo minoritário PS.
Ou seja, ou temos um governo BE ou temos de defender a queda imediata de qualquer outro. Quaisquer considerações tácticas que se interponham entre estas posições extremas seriam oportunistas. Pouco importa se o governo que assim pretendemos derrubar não venha, de facto, a ser substituído pelo “nosso”, mas por outro pior. Na minha opinião, pior do que um que um governo minoritário PS, seria um de maioria absoluta, seja ele do PS ou do PSD-CDS. Para o João Delgado tanto faz. Na minha opinião, a existência de um governo minoritário favorece a possibilidade de iniciativas parlamentares do BE poderem ser viabilizadas na AR. Para o João Delgado, isso pouco importa. A sua política reduz-se ao “tudo ou nada”. É uma posição tipicamente maximalista.
Finalmente há uma diferença entre “viabilizar” e “apoiar” um governo minoritário PS. Viabilizar não invalida a crítica, significa apenas que, no curto prazo, não se considera haver vantagens na realização de eleições antecipadas.
(Já agora, aproveito para recordar acontecimentos antigos. O 1º governo, minoritário, de Cavaco Silva caiu depois de ter sido aprovada uma moção de censura proposta pelo PRD. Das eleições antecipadas, nasceu a 1º maioria absoluta de Cavaco, mais tarde renovada por mais quatro anos. Quem não sobreviveu ao cavaquismo foi o PRD.)
Ou seja, ou temos um governo BE ou temos de defender a queda imediata de qualquer outro. Quaisquer considerações tácticas que se interponham entre estas posições extremas seriam oportunistas. Pouco importa se o governo que assim pretendemos derrubar não venha, de facto, a ser substituído pelo “nosso”, mas por outro pior. Na minha opinião, pior do que um que um governo minoritário PS, seria um de maioria absoluta, seja ele do PS ou do PSD-CDS. Para o João Delgado tanto faz. Na minha opinião, a existência de um governo minoritário favorece a possibilidade de iniciativas parlamentares do BE poderem ser viabilizadas na AR. Para o João Delgado, isso pouco importa. A sua política reduz-se ao “tudo ou nada”. É uma posição tipicamente maximalista.
Finalmente há uma diferença entre “viabilizar” e “apoiar” um governo minoritário PS. Viabilizar não invalida a crítica, significa apenas que, no curto prazo, não se considera haver vantagens na realização de eleições antecipadas.
(Já agora, aproveito para recordar acontecimentos antigos. O 1º governo, minoritário, de Cavaco Silva caiu depois de ter sido aprovada uma moção de censura proposta pelo PRD. Das eleições antecipadas, nasceu a 1º maioria absoluta de Cavaco, mais tarde renovada por mais quatro anos. Quem não sobreviveu ao cavaquismo foi o PRD.)
Caro Cruz Mendes, partes de um princípio que me atribuis indevidamente ("ou temos um governo BE ou temos de defender a queda imediata de qualquer outro") para defender o teu raciocínio, que assim fica invalidado por partir de um pressuposto nulo.
ResponderEliminarNão escrevi nem penso que o Bloco deva apresentar um voto de rejeição ao programa de governo, o que digo é que não podemos votar favoravelmente ou abstermo-nos num eventual voto de confiança apresentado por Sócrates.
De resto as considerações que fazes sobre o que eu penso ou deixo de pensar revelam uma visão sectária que me espanta vinda de um social-democrata.
João Delgado
João Delgado:
ResponderEliminarDesculpa se te interpretei mal, mas, para mim, não votar uma moção de censura que possa fazer cair um governo minoritário significa viabilizá-lo. Em todo o caso, aproveito para te dizer que não sou nem sectário nem social-democrata.
Cruz Mendes
Bem, de qualquer forma é diferente apresentar um voto de rejeição ao programa do governo ou posteriormente apresentar uma moção de censura à execução desse programa. E como sabes o Bloco censurou o actual governo Sócrates, certamente censurará o próximo.
ResponderEliminarQuanto ao social-democrata... discutiremos oportunamente ao vivo.
Abraço,
João Delgado