quinta-feira, 18 de junho de 2009

MAXIMALISMO E MINIMALISMO

Quando se redige um programa, quando se fixam metas e procuram apoios que nos permitam alcançá-las, pode-se incorrer no risco de ficar preso a estratégias maximalistas ou minimalistas.

O problema das posições maximalistas é a de poderem dar origem a intervenções políticas que nos levam a abdicar da possibilidade de conseguir conquistas limitadas em nome do desejo de alcançar objectivos utópicos.

O problema das posições minimalistas é a de poderem dar origem a intervenções políticas que abdicam da possibilidade de transformações radicais para se conformarem com as limitações impostas pela situação existente.

Uma intervenção política virtuosa deve fundar-se numa justa articulação do radicalismo com o pragmatismo. A justeza dessa articulação não está fixada numa fórmula invariável, mas admite formas diversas em função das circunstâncias de tempo e lugar.
Nesta ordem de ideias, é preciso distinguir um “programa máximo” e um “programa mínimo”. O primeiro define os objectivos estratégicos, o segundo fixa os objectivos a curto prazo. O primeiro define uma meta, susceptível de ser alcançada no quadro de uma situação ideal. O segundo deve ser estabelecido tendo em conta a correlação de forças existente num dado momento ou a previsão razoável da sua alteração num futuro próximo. Confundir os dois conduz necessariamente ao maximalismo ou ao minimalismo. Por outro lado, não é possível considerá-los como realidades estanques: um programa mínimo deve ser pensado como um passo no sentido da realização do programa máximo e não como um projecto que se esgota em si mesmo.

Consideremos que o objectivo estratégico da esquerda é a construção de uma sociedade socialista. O seu programa máximo deve esclarecer cabalmente o que se entende por Socialismo. Consideremos também que a construção de uma sociedade socialista não é um projecto concretizável a curto prazo. De um programa mínimo devem constar propostas susceptíveis de aplicação imediata que sustentem transformações políticas e sociais positivas e mobilizadoras.

Uma linha política não sectária será aquela que se revele capaz de, a cada momento, reunir todas as forças disponíveis para alcançar cada um dos objectivos traçados.

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