Ainda sobre os acontecimentos do Bairro da Bela Vista
Passada uma semana sobre as manifestações violentas que ocorreram na Bela Vista, a vida neste bairro de Setúbal parece ter voltado à normalidade. E, para isso, terá contribuído a actuação responsável da PSP. Chegou a altura de nos determos mais atentamente sobre essa “normalidade” que agora foi restaurada.
O bairro tem cerca de 30 anos de idade. Vivem nele cerca de 7000 pessoas, sendo uma grande parte delas adolescentes e jovens adultos. A média de idades é de 34 anos. Os rendimentos de metade dos moradores condena-os a viver abaixo do limiar da pobreza (cerca de mil recebem o RSI). Perto de 30% está no desemprego e, entre estes, muitos procuram o primeiro emprego. 30% não completou o ensino básico e 10% são analfabetos.
O bairro não está devidamente integrado na rede de transportes públicos do Concelho. Não há distribuição do Correio. Não há comércio. As habitações e os espaços públicos estão degradados.
A marginalidade, a delinquência e o crime encontram aqui um terreno fértil.
Devemos admirar-nos caso voltem a suceder novos actos de revolta, de violência e de destruição? Para o evitar, será suficiente por mais polícia na rua e mais gente na cadeia? E quantas mais “Bela Vistas” haverá em Lisboa, no Porto, em Gaia e por aí fora? Exigir uma intervenção social séria será simples demagogia, ou será antes uma necessidade urgente?
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