Assistência médica e Seguros de Saúde
Uma adenda ao post anterior
Sabemos todos aquilo que se diz dos Bancos: emprestam-nos um guarda-chuva quando está bom tempo, mas apressam-se a vir buscá-lo se começa a chover. Com os Seguros de Saúde as coisas não são muito diferentes. Se somos saudáveis, não há problema, mas se estamos doentes, então as coisas complicam-se.
Cansados do tempo muitas vezes excessivo de espera por uma primeira consulta ou por uma cirurgia com que, por vezes, se deparam no SNS e desejando um atendimento mais rápido, personalizado e atencioso, muitas pessoas têm contratualizado Seguros de Saúde que lhes deviam garantir o acesso à assistência médica em clínicas privadas.
Acontece que, como seria de esperar, essas clínicas têm como móbil o lucro e, portanto, além de serem caras, não garantem tratamentos mais especializados que envolvam investimentos mal compensados por uma procura relativamente reduzida.
O binómio saúde pública / lucros privados é muitas vezes incompatível e isso reflecte-se também na política das seguradores que vendem seguros de saúde. A DECO analisou 77 planos de 20 companhias de seguros e nenhum deles lhe mereceu a classificação de “escolha acertada”. “Parece ser desumano”, afirma a Pro Teste, “revelar a um consumidor que a maioria dos planos que a maioria dos planos de saúde comercializados por cá são de pouca qualidade e um investimento com pouco retorno”.
E prossegue denunciando cláusulas abusivas que permitem às seguradoras subir os prémios dos seguros sem aviso prévio dos seus clientes ou que, em caso de denúncia do contracto, impedem que estes suspendam os pagamentos que fazem mensalmente por transferência bancária, até ao fim do ano civil.
Mas se exigem muito, oferecem pouco. Predomina uma política de exclusões que deixa de fora idosos ou pessoas com uma história pessoal de doenças. Para isso, chega-se mesmo a invadir o direito dos candidatos à sua privacidade, exigindo-se saber se já fez testes da Sida ou desintoxicações (caso dos Seguros Victória), se fez exames de fertilidade (Allianz) ou se os pais morreram de doença grave (Medis).
Com todos os defeitos que se lhe possam apontar, só o SNS está em condições de garantir uma assistência médica universal e de qualidade. É por isso que as suas falhas devem ser corrigidas, o que não é incompatível com uma maior racionalização dos serviços susceptível de reduzir gastos inúteis. Mas é com certeza incompatível com uma política cega de desinvestimento no sector público da saúde em benefício de privados que colocam o lucro como prioridade determinante da sua actividade.
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Sabemos todos aquilo que se diz dos Bancos: emprestam-nos um guarda-chuva quando está bom tempo, mas apressam-se a vir buscá-lo se começa a chover. Com os Seguros de Saúde as coisas não são muito diferentes. Se somos saudáveis, não há problema, mas se estamos doentes, então as coisas complicam-se.
Cansados do tempo muitas vezes excessivo de espera por uma primeira consulta ou por uma cirurgia com que, por vezes, se deparam no SNS e desejando um atendimento mais rápido, personalizado e atencioso, muitas pessoas têm contratualizado Seguros de Saúde que lhes deviam garantir o acesso à assistência médica em clínicas privadas.
Acontece que, como seria de esperar, essas clínicas têm como móbil o lucro e, portanto, além de serem caras, não garantem tratamentos mais especializados que envolvam investimentos mal compensados por uma procura relativamente reduzida.
O binómio saúde pública / lucros privados é muitas vezes incompatível e isso reflecte-se também na política das seguradores que vendem seguros de saúde. A DECO analisou 77 planos de 20 companhias de seguros e nenhum deles lhe mereceu a classificação de “escolha acertada”. “Parece ser desumano”, afirma a Pro Teste, “revelar a um consumidor que a maioria dos planos que a maioria dos planos de saúde comercializados por cá são de pouca qualidade e um investimento com pouco retorno”.
E prossegue denunciando cláusulas abusivas que permitem às seguradoras subir os prémios dos seguros sem aviso prévio dos seus clientes ou que, em caso de denúncia do contracto, impedem que estes suspendam os pagamentos que fazem mensalmente por transferência bancária, até ao fim do ano civil.
Mas se exigem muito, oferecem pouco. Predomina uma política de exclusões que deixa de fora idosos ou pessoas com uma história pessoal de doenças. Para isso, chega-se mesmo a invadir o direito dos candidatos à sua privacidade, exigindo-se saber se já fez testes da Sida ou desintoxicações (caso dos Seguros Victória), se fez exames de fertilidade (Allianz) ou se os pais morreram de doença grave (Medis).
Com todos os defeitos que se lhe possam apontar, só o SNS está em condições de garantir uma assistência médica universal e de qualidade. É por isso que as suas falhas devem ser corrigidas, o que não é incompatível com uma maior racionalização dos serviços susceptível de reduzir gastos inúteis. Mas é com certeza incompatível com uma política cega de desinvestimento no sector público da saúde em benefício de privados que colocam o lucro como prioridade determinante da sua actividade.
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