sábado, 17 de julho de 2010

As jornadas parlamentares do PSD

Ernâni Lopes, Campos e Cunha e Villaverde Cabral foram convidados para apresentar comunicações nas jornadas parlamentares do PSD. Convites que se entendem não só por causa da habitual presença mediática destas personalidades, mas também pelo facto de todas elas poderem influenciar um sector do eleitorado que poderá estar mais próximo do PS. Recorde-se que os dois primeiros foram já ministros de governos liderados por Mário Soares e José Sócrates.

Será interessante determo-nos um pouco na qualidade das comunicações apresentadas.

Ernâni Lopes propôs uma redução de 10, 15 ou 20% no ordenado dos funcionários públicos. Tal deveria ser feito "a cru", quer dizer, sem perder tempo a dar explicações aos eleitores. A sua opinião seria desprezível diante da competência dos técnicos. Contudo, a incerteza dos números revela o cuidado posto na elaboração duma proposta que, a ser executada, faria regressar os salários da função pública aos valores da década anterior...

Campos e Cunha propôs que, em eleições legislativas, os votos brancos passassem a eleger na Assembleia da República lugares vazios. Se tivesse perdido dez minutos a fazer contas, saberia que essa proposta se traduziria, dados os resultados das últimas eleições, na “eleição” de uma única cadeira vazia pelo círculo de Lisboa. As consequências práticas duma tão grande mudança na composição da AR seriam zero. Fica, no entanto, no ar mais uma achega para a demagogia anti-partidos com que alguns iluminados nos têm brindado.

Villaverde Cabral considerou que o PSD se deveria afirmar claramente como apresentando uma moção de censura na AR. Para derrubar o Governo? Nem por isso. Antes para entalar o BE e o PCP que, para evitar eleições antecipadas, teriam, na sua opinião, de sair em socorro do PS.

Extraordinárias jornadas parlamentares! O desprezo pela vontade do eleitorado, a desvalorização do trabalho dos deputados e a politiquice barata é tudo o que aquelas sumidades têm a propor? E nós, o que é que podemos esperar dum partido que convoca todos os seus deputados para ouvir conselhos destes?

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