Quo vadis António José Seguro?
Na minha opinião, um PS de esquerda faz falta à Esquerda. Muitos considerarão que alimento ilusões ao considerar essa hipótese. É possível. Mas não alimentam outra coisa, os que pensam que o BE ou o PCP se poderão assumir um dia como protagonistas da governação sem o PS. A única diferença está no facto das minhas “ilusões” poderem ser verificadas no curto ou no médio prazo, enquanto que aqueles que sonham com as revoluções que ocorrerão daqui a cem anos então já não estarão cá para responder pela vanidade das suas.
Tudo isto a propósito do artigo de António José Seguro, “Quo vadis Europa?”, publicado no Expresso do último sábado. Na sua opinião, não temos necessariamente que escolher entre uma política de controlo das contas públicas e uma de incentivos ao crescimento económico: “A solução (…) está na execução controlada de ambas as políticas e no seu doseamento, obedecendo a critérios de qualidade (tanto do lado da despesa, como no lado do investimento) em função das realidades concretas de cada país ou região”. E acrescenta mais adiante: “O que me preocupa é que [na cimeira do G20] a União Europeia colocou-se atrás da Alemanha, alinhando pela pauta das políticas de austeridade e abandonando a necessidade de estímulos à economia e ao emprego”. E pergunta: “A quem devemos pedir contas por esta opção? Foi estabelecida por um órgão democrático? Quem governa a Europa? Os representantes dos cidadãos ou dos credores?”
Subscrevo inteiramente as suas opiniões, as suas preocupações e faço minhas a questões que coloca.
Apenas coloco mais algumas: concorda AJS com as políticas de austeridade que o governo do PS tem assumido? Não lhe parece que essas políticas contrariam a possibilidade do crescimento económico e favorecem o aumento do desemprego e a pobreza crescente? Não haverá, quer do ponto de vista da diminuição da despesa pública, como do aumento das receitas, medidas alternativas? E não será que algumas dessas medidas têm vindo a ser sistematicamente “esquecidas” apenas porque iriam ferir os interesses dos mais ricos e poderosos ou, simplesmente, das clientelas partidárias, nomeadamente do PS e do PSD, que se abrigam sob o chapéu de chuva do Estado? Ou será que é simplesmente mais fácil atirar sobre “os suspeitos do costume” todos os custos da crise?
“Não há tempo a perder. Temos de fazer opções claras”, diz-nos AJS. Opções claras quanto à orientação da política económica da União Europeia, diz ele. Com certeza. Mas também opções claras quanto à orientação da política económica do governo português, digo eu.
Na minha opinião, um PS de esquerda faz falta à Esquerda. Muitos considerarão que alimento ilusões ao considerar essa hipótese. É possível. Mas não alimentam outra coisa, os que pensam que o BE ou o PCP se poderão assumir um dia como protagonistas da governação sem o PS. A única diferença está no facto das minhas “ilusões” poderem ser verificadas no curto ou no médio prazo, enquanto que aqueles que sonham com as revoluções que ocorrerão daqui a cem anos então já não estarão cá para responder pela vanidade das suas.
Tudo isto a propósito do artigo de António José Seguro, “Quo vadis Europa?”, publicado no Expresso do último sábado. Na sua opinião, não temos necessariamente que escolher entre uma política de controlo das contas públicas e uma de incentivos ao crescimento económico: “A solução (…) está na execução controlada de ambas as políticas e no seu doseamento, obedecendo a critérios de qualidade (tanto do lado da despesa, como no lado do investimento) em função das realidades concretas de cada país ou região”. E acrescenta mais adiante: “O que me preocupa é que [na cimeira do G20] a União Europeia colocou-se atrás da Alemanha, alinhando pela pauta das políticas de austeridade e abandonando a necessidade de estímulos à economia e ao emprego”. E pergunta: “A quem devemos pedir contas por esta opção? Foi estabelecida por um órgão democrático? Quem governa a Europa? Os representantes dos cidadãos ou dos credores?”
Subscrevo inteiramente as suas opiniões, as suas preocupações e faço minhas a questões que coloca.
Apenas coloco mais algumas: concorda AJS com as políticas de austeridade que o governo do PS tem assumido? Não lhe parece que essas políticas contrariam a possibilidade do crescimento económico e favorecem o aumento do desemprego e a pobreza crescente? Não haverá, quer do ponto de vista da diminuição da despesa pública, como do aumento das receitas, medidas alternativas? E não será que algumas dessas medidas têm vindo a ser sistematicamente “esquecidas” apenas porque iriam ferir os interesses dos mais ricos e poderosos ou, simplesmente, das clientelas partidárias, nomeadamente do PS e do PSD, que se abrigam sob o chapéu de chuva do Estado? Ou será que é simplesmente mais fácil atirar sobre “os suspeitos do costume” todos os custos da crise?
“Não há tempo a perder. Temos de fazer opções claras”, diz-nos AJS. Opções claras quanto à orientação da política económica da União Europeia, diz ele. Com certeza. Mas também opções claras quanto à orientação da política económica do governo português, digo eu.
Todos tentam conciliar a eficiência e a eficácia mas é nas respostas ocas de AJS às perguntas pertinentes que faz que se vê a dificuldade em encontrar consensos. Há pouca clareza nas "opções claras"...
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