sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Qual é o “voto útil” nas eleições do dia 27 de Setembro?


Vamos entrar na recta final da campanha eleitoral e os apelos ao voto útil vão suceder-se. Muitos vão tentar convencer-nos que só temos uma alternativa – ou José Sócrates ou Manuela Ferreira Leite – e que, portanto, só serão “úteis” os votos no PS e no PSD. De facto, as coisas não são assim tão simples.

A “utilidade” do voto só pode ser avaliada em função dos objectivos que cada um pretenda alcançar. Assim, podemos considerar várias hipóteses de “voto útil”. Deixo aqui alguns conselhos, que me parecem sensatos, àqueles que se posicionam à esquerda e ainda não decidiram o sentido do seu voto:

1) Se quiserem impedir a vitória do PSD – o voto útil poderá ser no PS, no BE ou na CDU. Neste caso, será necessário analisar a situação distrito a distrito, admitindo que, caso as sondagens que têm vindo a público sejam credíveis, o PS pode eleger deputados em todos os distritos, o BE pode eleger deputados em Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Faro, e a CDU, no Porto, Santarém, Lisboa, Setúbal, Évora e Beja.

2) Se quiserem a renovação da actual maioria absoluta – o voto útil é no PS.

3) Se quiserem impedir uma maioria absoluta do PS – o voto útil é no BE.

4) Se quiserem condicionar a orientação política de um governo PS com maioria relativa – o voto útil é no BE ou na CDU.

5) Se estiverem cansados do eterno rotativismo PS/PSD e das políticas do bloco central e quiserem dar um contributo positivo para uma renovação do panorama político português e para a criação, a prazo, de uma alternativa de esquerda – o voto útil é no BE.

A última sondagem da Universidade Católica, realizada entre 11 e 14 de Setembro, para a Antena 1, a RTP, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias, prevê 38% dos votos para o PS e 32% para o PSD. Estes dois partidos distanciam-se e desfaz-se a situação de empate técnico verificada numa sondagem anterior. A diminuição da abstenção deve ser suficiente para impedir que surjam surpresas como aquelas que desmentiram a maioria das sondagens efectuadas antes das “europeias”. Assim, a possibilidade do PSD ganhar as próximas eleições são diminutas e a utilidade do voto considerada na opção 1) deixa de ser relevante.

Acredito que uma grande parte dos eleitores da esquerda não está minimamente interessada em renovar a experiência dos últimos quatro anos e, portanto, rejeita a opção 2).

Considerando as opções 3), 4) e 5), parece-me óbvio que o voto útil nas próximas eleições para a Assembleia da República é o voto no Bloco de Esquerda.

1 comentário:

  1. Na minha opinião o único voto útil é no BE por uma simples razão: o que é importante evitar é uma possível maioria absoluta; seja do PS ou PSD - tanto me faz! O voto num destes partidos nada tem de útil na medida em que contribui para uma hipotética maioria absoluta!

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