Uma golfada de ar fresco ou
um banho gelado?
Estamos todos fartos de José Sócrates. Quando o vemos na televisão a explicar-se, a justificar medidas que atingem os mais fracos e desprotegidos como se fossem ditadas pelos mais elementares princípios da justiça social, a prometer aquilo que não tem nenhuma intenção de cumprir e a anunciar grandes progressos e futuros radiosos – todos sentimos a tentação de mudar de canal. Já não há pachorra.
E, então, os olhos de muitos voltam-se para Pedro Passos Coelho. É uma cara nova e, por vezes, aparece-nos com ideias simpáticas.
Por exemplo, descer em 5% os ordenados dos políticos. É claro que depois vem a saber-se que essa medida não abrange os chefes de gabinete e os assessores, os boys que pululam por todos o lado. Não importa, foi dado o mote, a comunicação social deu-lhe o realce que se esperava e o capital de simpatia de PPC saiu reforçado. Mais uns votos.
Outro exemplo: impedir a acumulação e pensões públicas provenientes de regimes diferentes, obrigando o beneficiário a optar por uma delas. Quem (salvo Alberto João Jardim) terá coragem para se opor?
Ideias simpáticas, das quais ninguém discorda, embora se saiba que não põem em causa nada daquilo que é fundamental. Mas, passadas as “medidas simbólicas”, chega-se às questões importantes.
Assim: o PSD considera que a melhor maneira de combater o desemprego é facilitar os despedimentos. E, para isso, propõe que os contratos a prazo deixem de ser considerados como situações excepcionais para poderem ser renovados por tempo indeterminado. Ou seja, a situação de precariedade laboral, que atinge hoje mais de um milhão de trabalhadores, deixaria de vez de ser vista como uma situação justificada pela sazonalidade de certas actividades profissionais ou pela necessidade dum trabalhador passar por um período experimental antes de ingressar nos quadros duma empresa, para passar a ser a norma que rege qualquer relação laboral.
Todos os trabalhadores sabem o que isto significa em termos de perda dos seus direitos cívicos e sindicais. Nestas circunstâncias, quem se vai atrever a protestar contra os abusos das entidades patronais? O cutelo do despedimento sem justa causa e sem indemnização penderá a todo o momento sobre a sua cabeça. Tanto mais que o Governo já se encarregou de ameaçar os desempregados de perderem o subsídio se não aceitarem os ordenados de miséria que lhe oferecerem.
É claro que os patrões aplaudem com entusiasmo esta perspectiva de poderem contar com uma mão-de-obra dócil e barata. Mas os trabalhadores que, fartos de Sócrates, vêm em Passos Coelho, uma golfada de ar fresco é melhor que se preparem para o banho de água gelada que vão apanhar a seguir.
E, então, os olhos de muitos voltam-se para Pedro Passos Coelho. É uma cara nova e, por vezes, aparece-nos com ideias simpáticas.
Por exemplo, descer em 5% os ordenados dos políticos. É claro que depois vem a saber-se que essa medida não abrange os chefes de gabinete e os assessores, os boys que pululam por todos o lado. Não importa, foi dado o mote, a comunicação social deu-lhe o realce que se esperava e o capital de simpatia de PPC saiu reforçado. Mais uns votos.
Outro exemplo: impedir a acumulação e pensões públicas provenientes de regimes diferentes, obrigando o beneficiário a optar por uma delas. Quem (salvo Alberto João Jardim) terá coragem para se opor?
Ideias simpáticas, das quais ninguém discorda, embora se saiba que não põem em causa nada daquilo que é fundamental. Mas, passadas as “medidas simbólicas”, chega-se às questões importantes.
Assim: o PSD considera que a melhor maneira de combater o desemprego é facilitar os despedimentos. E, para isso, propõe que os contratos a prazo deixem de ser considerados como situações excepcionais para poderem ser renovados por tempo indeterminado. Ou seja, a situação de precariedade laboral, que atinge hoje mais de um milhão de trabalhadores, deixaria de vez de ser vista como uma situação justificada pela sazonalidade de certas actividades profissionais ou pela necessidade dum trabalhador passar por um período experimental antes de ingressar nos quadros duma empresa, para passar a ser a norma que rege qualquer relação laboral.
Todos os trabalhadores sabem o que isto significa em termos de perda dos seus direitos cívicos e sindicais. Nestas circunstâncias, quem se vai atrever a protestar contra os abusos das entidades patronais? O cutelo do despedimento sem justa causa e sem indemnização penderá a todo o momento sobre a sua cabeça. Tanto mais que o Governo já se encarregou de ameaçar os desempregados de perderem o subsídio se não aceitarem os ordenados de miséria que lhe oferecerem.
É claro que os patrões aplaudem com entusiasmo esta perspectiva de poderem contar com uma mão-de-obra dócil e barata. Mas os trabalhadores que, fartos de Sócrates, vêm em Passos Coelho, uma golfada de ar fresco é melhor que se preparem para o banho de água gelada que vão apanhar a seguir.
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