A crise da social-democracia
A partir dos anos 80, os partidos social-democratas europeus enveredaram com maior ou menor convicção pela 3ª via defendida por Anthony Giddens, ou seja renderam-se à moda neoliberal que por todo o lado fazia o seu curso.
Os resultados estão à vista. Em França, na Itália e na Alemanha partidos assumidamente de direita encontram-se de pedra e cal no governo. Em Inglaterra, os Conservadores venceram as eleições. E em Portugal e Espanha, sondagens recentes prevêem que, se se realizassem eleições neste momento, os respectivos Partidos Socialistas sofreriam pesadas derrotas. Fazem-se apostas acerca da data das moções de censura que lhes darão a machadada final. Passos Coelho e Mariano Rajoy preparam-se para se juntar a Cameron, Sarkozy, Berlusconi e Merkl.
No seu último livro, ainda não publicado em Portugal (sê-lo-á, ao que parece, mo próximo trimestre), Tony Judt reflecte sobre o legado da social-democracia europeia. Não conheço a obra em questão, mas segundo as recensões críticas que li, confronta-o com o fracasso das sociedades totalitárias da Europa de Leste e com a crise económica e social para onde o neoliberalismo nos lançou, para nos recordar os sucessos alcançados nos anos 50-60 em termos de diminuição das desigualdades sociais, do reforço da protecção social, dos progressos realizados ao nível da Saúde pública e da Educação.
Sem escamotear nenhum dos resultados então obtidos e que, confrontados com a situação existente nos anos que antecederam a 2ª Guerra Mundial, se traduziram numa melhoria inquestionável das condições de vida na Europa ocidental, é legítimo perguntar se Tony Judt nos coloca diante de um programa político para os tempos que vêm ou se a sua reflexão se traduz apenas numa revisão nostálgica do passado.
É que, entretanto, o mundo mudou. A entrada das economias europeias numa fase de estagnação, a globalização capitalista, a afirmação da China como grande potência, a extrema volatilidade dos mercados de capitais, vieram alterar radicalmente os dados do problema.
Dificilmente velhas receitas servirão para resolver novos problemas. Contudo, do legado social-democrata ficam-nos referências fundamentais. A liberdade e a tolerância, o respeito pelos direitos humanos e a ambição de uma maior justiça social, não podem ser abandonados como princípios orientadores da acção política. Falta saber como podem e devem ser defendidos no mundo de hoje. Fracassadas as experiências da terceira via, é esse o grande desafio que actualmente se coloca à social-democracia europeia.
A partir dos anos 80, os partidos social-democratas europeus enveredaram com maior ou menor convicção pela 3ª via defendida por Anthony Giddens, ou seja renderam-se à moda neoliberal que por todo o lado fazia o seu curso.
Os resultados estão à vista. Em França, na Itália e na Alemanha partidos assumidamente de direita encontram-se de pedra e cal no governo. Em Inglaterra, os Conservadores venceram as eleições. E em Portugal e Espanha, sondagens recentes prevêem que, se se realizassem eleições neste momento, os respectivos Partidos Socialistas sofreriam pesadas derrotas. Fazem-se apostas acerca da data das moções de censura que lhes darão a machadada final. Passos Coelho e Mariano Rajoy preparam-se para se juntar a Cameron, Sarkozy, Berlusconi e Merkl.
No seu último livro, ainda não publicado em Portugal (sê-lo-á, ao que parece, mo próximo trimestre), Tony Judt reflecte sobre o legado da social-democracia europeia. Não conheço a obra em questão, mas segundo as recensões críticas que li, confronta-o com o fracasso das sociedades totalitárias da Europa de Leste e com a crise económica e social para onde o neoliberalismo nos lançou, para nos recordar os sucessos alcançados nos anos 50-60 em termos de diminuição das desigualdades sociais, do reforço da protecção social, dos progressos realizados ao nível da Saúde pública e da Educação.
Sem escamotear nenhum dos resultados então obtidos e que, confrontados com a situação existente nos anos que antecederam a 2ª Guerra Mundial, se traduziram numa melhoria inquestionável das condições de vida na Europa ocidental, é legítimo perguntar se Tony Judt nos coloca diante de um programa político para os tempos que vêm ou se a sua reflexão se traduz apenas numa revisão nostálgica do passado.
É que, entretanto, o mundo mudou. A entrada das economias europeias numa fase de estagnação, a globalização capitalista, a afirmação da China como grande potência, a extrema volatilidade dos mercados de capitais, vieram alterar radicalmente os dados do problema.
Dificilmente velhas receitas servirão para resolver novos problemas. Contudo, do legado social-democrata ficam-nos referências fundamentais. A liberdade e a tolerância, o respeito pelos direitos humanos e a ambição de uma maior justiça social, não podem ser abandonados como princípios orientadores da acção política. Falta saber como podem e devem ser defendidos no mundo de hoje. Fracassadas as experiências da terceira via, é esse o grande desafio que actualmente se coloca à social-democracia europeia.
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