Estudar para quê?
Mais de trinta anos de experiência docente ensinaram-me que quanto menos se exige dos alunos, menos eles estudam, e quanto menos eles estudam, menor passa a ser o nível de exigência. Uns dizem que é assim que se combate o insucesso escolar, outros, mais avisados, dizem que é assim que ele tem sido camuflado.
Estes caminhos já são percorridos há muitos anos, mas agora foi dado mais um passo importante nesta direcção. Qualquer professor sabe que, actualmente, não é fácil reprovar até ao 9º ano. Contudo, há alunos que, de tanto se esforçarem, acabam por consegui-lo. Pois bem, ainda que não estejam para aí virados, vão ser quase obrigados a “progredir nos estudos”.
O Ministério da Educação decidiu que um aluno que esteja retido no 8º ano, já tenha feito 15 anos e não se importe de passar pela chatice de fazer aqueles dificílimos exames de Português e Matemática do 9º, pode avançar directamente para o 10º. Quanto às outras disciplinas que constam do currículo do 3º ciclo do ensino básico, pode não ter aproveitamento a nenhuma. Afinal, para que serve estudar Inglês, História, Ciências da Natureza?
A lei do menor esforço alcançou mais uma vitória e a qualidade do ensino nas escolas secundárias do ensino público vai sofrer as habituais consequências. As escolas privadas, sempre dispostas a receber os bons alunos desde que eles paguem devidamente, agradecem reconhecidas. Quanto aos alunos estudiosos mas sem posses, terão de se conformar em aprender apenas aquilo que os seus colegas que nunca gostaram de estudar deixarem. Há quem chame a isto “democratização do ensino”. Eu chamar-lhe-ia outros nomes...
Mais de trinta anos de experiência docente ensinaram-me que quanto menos se exige dos alunos, menos eles estudam, e quanto menos eles estudam, menor passa a ser o nível de exigência. Uns dizem que é assim que se combate o insucesso escolar, outros, mais avisados, dizem que é assim que ele tem sido camuflado.
Estes caminhos já são percorridos há muitos anos, mas agora foi dado mais um passo importante nesta direcção. Qualquer professor sabe que, actualmente, não é fácil reprovar até ao 9º ano. Contudo, há alunos que, de tanto se esforçarem, acabam por consegui-lo. Pois bem, ainda que não estejam para aí virados, vão ser quase obrigados a “progredir nos estudos”.
O Ministério da Educação decidiu que um aluno que esteja retido no 8º ano, já tenha feito 15 anos e não se importe de passar pela chatice de fazer aqueles dificílimos exames de Português e Matemática do 9º, pode avançar directamente para o 10º. Quanto às outras disciplinas que constam do currículo do 3º ciclo do ensino básico, pode não ter aproveitamento a nenhuma. Afinal, para que serve estudar Inglês, História, Ciências da Natureza?
A lei do menor esforço alcançou mais uma vitória e a qualidade do ensino nas escolas secundárias do ensino público vai sofrer as habituais consequências. As escolas privadas, sempre dispostas a receber os bons alunos desde que eles paguem devidamente, agradecem reconhecidas. Quanto aos alunos estudiosos mas sem posses, terão de se conformar em aprender apenas aquilo que os seus colegas que nunca gostaram de estudar deixarem. Há quem chame a isto “democratização do ensino”. Eu chamar-lhe-ia outros nomes...
Caro António Cruz Mendes,
ResponderEliminarDesta vez não estudou bem a lição.
Se tivesse tido o cuidado de ler o Despacho (http://www.min-edu.pt/np3content/?newsId=4668&fileName=despacho_normativo_7_2010.pdf) saberia que os exames de equivalência à frequência são para todas as disciplinas do ciclo enão apenas para Português e Matemática. Afinal continua a ser necessário estudar Inglês, História, ...
Caro ZMS,
ResponderEliminartem toda a razão e agradeço-lhe a chamada de atenção. Contudo, continuo sem perceber como é que alunos que não foram capazes de concluir o 8º ano (na maioria dos casos, "porque nuna estiveram para aí virados") vão ser capazes de realizar exames que terão de incluir conteúdos programáticos referentes a um 9º ano que nunca frequentaram.
A não ser que se tratem de exames "a fingir"... Nesse caso a transição directa do 8º para o 10º permitirá poupar dinheiro e maquilhar as estatísticas.
Não sei se serão ou não exames "a fingir". Sinceramente espero bem que não.
ResponderEliminarNão sou professor nem estou ligado às questões da educação, mas neste assunto parece-me que há demasiada desinformação e muita gente que não sabe pensar pela sua própria cabeça.
Se não vejamos, é previsto acabar o 9.º ano com 15 anos. Não me parece que quem "chumbe" dois anos, ou apenas um, num percurso de 9 anos de escolaridade possa ser apelidado assim tão taxativamente de incapazes porque "não estiveram para aí virados". Porque são esses os alunos que têm 15 anos no 8.º ou no início do 9.º ano. Muitas vezes estes "chumbos" tem mais a ver com o percurso de vida de cada um do que com falta de capacidades ou porque "se estão marimbando".Não entendo a polémica de se lhes dar mais uma hipótese de concluir o 9.º ano sem atrasarem mais anos. Esta é a mesma tipo de polémica, que por sinal é inexistente, em relação às épocas de exames para finalistas no ensino superior. Ou também considera que as épocas de exames para finalistas do ensino superior são a "fingir" e apenas com o intuito de poupar dinheiro e maquilhar estatísticas.