Sacanas sem lei
Tal como Paulo Portas, também eu, terminada a campanha eleitoral, fui ver o filme de Tarantino. Talvez ele gostasse de o ter visto mais cedo, mas só então tivesse tempo para isso. Não foi esse o meu caso. Se adiei tanto tempo a ida ao cinema foi porque, depois dos dois Kill Bill, se foi apoderando de mim a sensação de que “para o Tarantino, já dera”.
Depois, o filme aparecia associado a "Lusomundo", "cinemas do centro comercial Bragaparque", "baldes de pipocas" – e é um êxito de bilheteira há mais de três meses. Tudo isso me desmotivava. Mas parece que houve críticos que lhe atribuíram várias estrelas e, para muitos, Tarantino, sobretudo depois de Pulp Fiction, tornou-se um autor de culto. Enfim, concedi-lhe o benefício da dúvida e sem grande entusiasmo lá fui ao cinema.
Para confirmar, afinal, aquilo que já sabia. Uma história de treta serve como pretexto à exibição de cenas de violência sabiamente temperada com o q.b. de humor e de sadismo. E está nisso o essencial dos filmes de Tarantino, a violência oferecida como espectáculo e como divertimento. Violência pronta a consumir para deleite uma plateia reduzida à condição de uma massa acrítica, embotada ética e politicamente pela “graça” das situações. É isto o que Tarantino tem para nos oferecer. Tudo o mais, os enredos mais ou menos engenhosos, todo aquele cozinhado de ambições e vinganças, tudo é um mero pretexto.
É claro que o produto é servido numa embalagem mais sofisticada do que aquela que habitualmente embrulha congéneres mais primários. E isso parece ser suficiente para satisfazer alguns dos seus admiradores.
Pela minha parte, não consigo olhar para os filmes de Tarantino sem que me venham à memória as palavras finais de Walter Benjamin na Obra de Arte na Era da sua Reprodução Técnica, acerca da estetização da política e da glorificação da guerra pelo fascismo: “Na época de Homero a humanidade oferecia-se em espectáculo aos deuses do Olimpo; ela agora converteu-se no seu próprio espectáculo. Tornou-se tão alienada de si mesma que consegue viver a sua própria destruição como um prazer estético de primeira ordem”.
Tal como Paulo Portas, também eu, terminada a campanha eleitoral, fui ver o filme de Tarantino. Talvez ele gostasse de o ter visto mais cedo, mas só então tivesse tempo para isso. Não foi esse o meu caso. Se adiei tanto tempo a ida ao cinema foi porque, depois dos dois Kill Bill, se foi apoderando de mim a sensação de que “para o Tarantino, já dera”.
Depois, o filme aparecia associado a "Lusomundo", "cinemas do centro comercial Bragaparque", "baldes de pipocas" – e é um êxito de bilheteira há mais de três meses. Tudo isso me desmotivava. Mas parece que houve críticos que lhe atribuíram várias estrelas e, para muitos, Tarantino, sobretudo depois de Pulp Fiction, tornou-se um autor de culto. Enfim, concedi-lhe o benefício da dúvida e sem grande entusiasmo lá fui ao cinema.
Para confirmar, afinal, aquilo que já sabia. Uma história de treta serve como pretexto à exibição de cenas de violência sabiamente temperada com o q.b. de humor e de sadismo. E está nisso o essencial dos filmes de Tarantino, a violência oferecida como espectáculo e como divertimento. Violência pronta a consumir para deleite uma plateia reduzida à condição de uma massa acrítica, embotada ética e politicamente pela “graça” das situações. É isto o que Tarantino tem para nos oferecer. Tudo o mais, os enredos mais ou menos engenhosos, todo aquele cozinhado de ambições e vinganças, tudo é um mero pretexto.
É claro que o produto é servido numa embalagem mais sofisticada do que aquela que habitualmente embrulha congéneres mais primários. E isso parece ser suficiente para satisfazer alguns dos seus admiradores.
Pela minha parte, não consigo olhar para os filmes de Tarantino sem que me venham à memória as palavras finais de Walter Benjamin na Obra de Arte na Era da sua Reprodução Técnica, acerca da estetização da política e da glorificação da guerra pelo fascismo: “Na época de Homero a humanidade oferecia-se em espectáculo aos deuses do Olimpo; ela agora converteu-se no seu próprio espectáculo. Tornou-se tão alienada de si mesma que consegue viver a sua própria destruição como um prazer estético de primeira ordem”.
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