Quem vai ganhar
as eleições autárquicas?
A acreditar nas sondagens que têm sido publicadas (ver http://margensdeerro.blogspot.com/), só parece haver uma resposta: os do costume. Ou seja, ganham aqueles que já detêm o poder.
Aparentemente, para grande parte dos eleitores, pouco importa se o seu Presidente da Câmara tem ou não tem “obra”. Muito menos se aquilo que fez durante quatro anos contribui efectivamente para melhorar a qualidade de vida no seu Município. Mais: é perfeitamente secundário saber se o indivíduo em questão é tido por pessoa honesta ou se, pelo contrário, todos o consideram um vigarista. Pode mesmo já ter sido condenado por corrupção. Por qualquer motivo, ainda está à solta e recandidata-se? Então, tem muitíssimas probabilidades de ser eleito.
Por que é que isto é assim? Haverá muitas razões, mas talvez seja possível resumi-las numa só palavra - caciquismo. Afinal, trata-se de uma antiga tradição que remonta aos tempos aparentemente longínquos da monarquia liberal e que os últimos trinta e tal anos de democracia ainda não conseguiram erradicar.
Uma relação de maior proximidade entre os poderes públicos e os cidadãos deveria ter desenvolvido nestes uma atitude de maior vigilância e atenção crítica. Pelo contrário, aquilo que vem ao de cima é a predisposição para uma postura reverencial e subserviente.
Estou a ser injusto? Mais do que ninguém, espero que os resultados de domingo desmintam totalmente tudo aquilo que escrevi. Em todo o caso, não se tomem as minhas palavras como uma manifestação de derrotismo. Faço minhas as palavras do rabi Tarphon, recolhidas em O que é a Sabedoria?, de Harold Bloom: “Não te é exigido que completes o trabalho, mas também não és livre de desistir dele”.
Se, no domingo, em alguns dos municípios portugueses contrariarem a tendência dominante para a reeleição dos caciques, então saberemos que algum “trabalho” já terá sido feito.
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