domingo, 25 de abril de 2010

No 25 de Abril

Passaram já 36 anos sobre o 25 de Abril! Parece-me que foi ontem, tão vivas são as minhas memórias de um jovem maoísta que, nas semanas que precederam a queda da ditadura se desdobrava em tarefas para convocar uma manifestação para o 1º de Maio. A FEML, a organização estudantil do MRPP, que começava apenas a dar os primeiros passos em Coimbra, tinha sido decapitada com a prisão, em Fevereiro de 74, do José Lamego e a opinião dos três (!) camaradas que a constituíam era a de que não havia condições para convocar uma manifestação. Contudo, as directivas que vinham de Lisboa eram peremptórias: a queda do fascismo é iminente e é necessário assumir a todo o custo uma posição de força nesse processo. A solução era a de organizar os simpatizantes do partido em comités exclusivamente organizados para aquele efeito. E assim foi: cerca de vinte jovens estudantes participaram corajosamente na convocatória duma manifestação que, afinal, não se chegou a realizar nas condições previstas, porque no dia 25 de Abril os portugueses conquistaram finalmente o direito de se manifestarem em liberdade e o 1º de Maio foi declarado Feriado Nacional.

Passaram, entretanto, 36 anos. Travaram-se muitas lutas, alcançaram-se muitas vitórias e somaram-se muitas derrotas. Outros farão esses balanços. Gostava apenas de dizer que comemorar o 25 de Abril significa antes de mais não deixar morrer os sonhos então vividos.

Recordei-me hoje duns versos de José Saramago que comecei por conhecer numa canção de Luís Cília. Cito apenas as duas primeiras estrofes do poema:

Há-de haver uma cor por descobrir,
Um juntar de palavras escondido,
Há-de haver uma chave para abrir
A porta deste muro desmedido.

Há-de haver uma ilha mais ao sul,
Uma corda mais tensa e ressoante,
Outro mar que nade noutro azul,
Outra altura de voz que melhor cante.

Há-de haver!

1 comentário:

  1. Ao fim de 36 anos está mais que provado e comprovado pela realidade presente, que o 25 de Abril de 1974 não passou de uma mescla de lirismo, utopia, oportunismo, traição e covardia...
    Uma sociedade, com um Estado laico que amputa e distorce todos os conceitos de moral, um governo dito democrático e neste caso até "socialista" onde figuras de destaque roubam impunemente aos milhões e o Povo permanece na pobreza cada vez mais sobrecarregado de impostos, onde aqueles que mais se dizem "de esquerda", parecem ser os que mais roubam e escarnecem das famílias Portuguesas, que fazem a apologia do aborto livre, da droga e de pseudocasamentos que não englobam qualquer tipo de casal... provam que a podridão atingiu valores sem precedentes e terá de haver, agora sim, uma revolução popular massiva, que acabe com este jogo do engana, que tem mantido os políticos num mar de luxo em contraste com a miséria do Povo!!!

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