sábado, 6 de fevereiro de 2010

abissus abissum invocat

Jenny Holzer, de Survival (1983-85), Estádio de Wembley, 1988

As propostas do CDS-PP apresentadas na Comissão Parlamentar foram aprovadas com os votos de todos os partidos da oposição no Plenário da Assembleia da República. Foram ainda aprovadas propostas do Bloco (o único partido que na Assembleia Regional da Madeira não votou a favor da correcção da Lei das Finanças Regionais de 2007 propostas por Jardim) no sentido de evitar no futuro o descontrolado despesismo do Governo Regional. O PS votou vencido, mas está afastada a hipótese desta crise política resultar na demissão do governo. Dir-se-ia que tudo está bem quando acaba bem. Contudo, a tentação das eleições antecipadas permanece no íntimo de todos os partidos.

O PS tem saudades da maioria absoluta que perdeu e sonha com a possibilidade de a recuperar; CDS-PP pensa que novas eleições se traduziriam no crescimento do partido e no reforço da sua posição negocial; o BE pensa continuar a crescer à custa da impopularidade do governo; o PCP quererá abandonar o incómodo 5º lugar que actualmente ocupa na AR; e o próximo presidente do PSD, seja ele qual for, gostaria de ver a sua liderança reforçada por uma vitória eleitoral, ainda que esta não passasse de uma vitória de Pirro.

Receio bem que todos persigam quimeras. Como já afirmei aqui, o mais provável vencedor duma próxima eleição antecipada é o FMI.

Gostaria que se pesassem não apenas a bondade das razões, mas também as consequências dos actos a que podem dar origem. No entanto, parece-me que a corrida para o abismo vai continuar. Recorda-me um conto de Trindade Coelho chamado Abissus abissum. Conta a história de dois miúdos que se apoderaram de um barco a remos. Um pecado sem importância. Aliás, queriam apenas descer o rio até alcançarem uma estrela que brilhava intensamente no céu e que parecia estar mesmo já ali, à sua frente…

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