O PS aposta em eleições legislativas antecipadas?
O PS sabe perfeitamente que, após um desgastante ciclo eleitoral, os portugueses não querem eleições antecipadas. E sabemos todos que, dada a crise do PSD, delas não resultaria nenhum governo diferente do actual. A não ser que, perante uma experiência que demonstrasse a impossibilidade de alguém governar em minoria, o eleitorado resolvesse renovar a maioria absoluta do PS. Parece-me que toda a estratégia política de Sócrates irá apostar nessa possibilidade.
Primeiro, assistimos àquele “número” do convite a cada um dos partidos de oposição, do CDS ao PCP, para um governo de coligação com o PS ou, em alternativa, para a assinatura de um acordo de incidência parlamentar. Evidentemente, não era nada que se pudesse levar a sério, mas tinha um propósito claro: “nós estávamos dispostos a garantir a estabilidade governativa, mas ninguém foi capaz de se comprometer com isso; logo, se for impossível cumprir a legislatura, a culpa é da oposição”.
Depois veio a constituição do governo. Manteve-se todo o núcleo duro do governo anterior e, portanto, a mesma orientação política, mas foram afastados aqueles ministros mais desgastados por uma relação de maior crispação com as classes socioprofissionais relacionadas com as áreas que tutelavam. Ensaiou-se uma operação de charme “à Ana Jorge”: era preciso que alguma coisa mudasse para que tudo pudesse ficar na mesma.
Finalmente, apresenta-se um programa de governo decalcado do programa eleitoral do PS, sabendo-se que esse programa seria inaceitável para os partidos da oposição. Ou seja, apresenta-se o programa que o PS eventualmente seguiria caso tivesse maioria absoluta, embora tenha uma maioria relativa.
Resumindo o discurso do PS para os próximos tempos: Os partidos de oposição não aceitaram coligações nem acordos parlamentares, rejeitaram o nosso programa e não estão em condições de formar um governo alternativo. Além disso, nós até já mandamos para casa os antigos ministros da Agricultura e da Educação e estamos muito mais abertos e dialogantes. Precisamos de estabilidade governativa para enfrentar a crise. Deixem-nos governar, ofereçam-nos uma nova maioria absoluta.
Essa ameaça vai pender como uma espada de Dâmocles sobre a Assembleia da República. Como é que o Bloco e a CDU vão defender as suas posições em matérias como o Código do Trabalho, a protecção aos desempregados e aos reformados, e a defesa do serviço público na Educação e na Saúde, sem cair na armadilha das eleições antecipadas?
A possibilidade do PS fazer concessões à esquerda será tanto maior quanto maior for o seu receio de perder eleições antecipadas frente a uma coligação da direita e esta só será suficientemente ameaçadora se o PSD conseguir resolver de forma credível a sua crise actual. Pelo contrário, se esta se arrastar, o PS ocupará, mais uma vez, boa parte do espaço do centro-direita e pode aspirar a uma nova maioria absoluta.
Estamos assim perante uma situação algo paradoxal: muito daquilo que o Bloco e a CDU puderem conseguir nesta legislatura passa pela afirmação duma liderança forte no PSD.
O PS sabe perfeitamente que, após um desgastante ciclo eleitoral, os portugueses não querem eleições antecipadas. E sabemos todos que, dada a crise do PSD, delas não resultaria nenhum governo diferente do actual. A não ser que, perante uma experiência que demonstrasse a impossibilidade de alguém governar em minoria, o eleitorado resolvesse renovar a maioria absoluta do PS. Parece-me que toda a estratégia política de Sócrates irá apostar nessa possibilidade.
Primeiro, assistimos àquele “número” do convite a cada um dos partidos de oposição, do CDS ao PCP, para um governo de coligação com o PS ou, em alternativa, para a assinatura de um acordo de incidência parlamentar. Evidentemente, não era nada que se pudesse levar a sério, mas tinha um propósito claro: “nós estávamos dispostos a garantir a estabilidade governativa, mas ninguém foi capaz de se comprometer com isso; logo, se for impossível cumprir a legislatura, a culpa é da oposição”.
Depois veio a constituição do governo. Manteve-se todo o núcleo duro do governo anterior e, portanto, a mesma orientação política, mas foram afastados aqueles ministros mais desgastados por uma relação de maior crispação com as classes socioprofissionais relacionadas com as áreas que tutelavam. Ensaiou-se uma operação de charme “à Ana Jorge”: era preciso que alguma coisa mudasse para que tudo pudesse ficar na mesma.
Finalmente, apresenta-se um programa de governo decalcado do programa eleitoral do PS, sabendo-se que esse programa seria inaceitável para os partidos da oposição. Ou seja, apresenta-se o programa que o PS eventualmente seguiria caso tivesse maioria absoluta, embora tenha uma maioria relativa.
Resumindo o discurso do PS para os próximos tempos: Os partidos de oposição não aceitaram coligações nem acordos parlamentares, rejeitaram o nosso programa e não estão em condições de formar um governo alternativo. Além disso, nós até já mandamos para casa os antigos ministros da Agricultura e da Educação e estamos muito mais abertos e dialogantes. Precisamos de estabilidade governativa para enfrentar a crise. Deixem-nos governar, ofereçam-nos uma nova maioria absoluta.
Essa ameaça vai pender como uma espada de Dâmocles sobre a Assembleia da República. Como é que o Bloco e a CDU vão defender as suas posições em matérias como o Código do Trabalho, a protecção aos desempregados e aos reformados, e a defesa do serviço público na Educação e na Saúde, sem cair na armadilha das eleições antecipadas?
A possibilidade do PS fazer concessões à esquerda será tanto maior quanto maior for o seu receio de perder eleições antecipadas frente a uma coligação da direita e esta só será suficientemente ameaçadora se o PSD conseguir resolver de forma credível a sua crise actual. Pelo contrário, se esta se arrastar, o PS ocupará, mais uma vez, boa parte do espaço do centro-direita e pode aspirar a uma nova maioria absoluta.
Estamos assim perante uma situação algo paradoxal: muito daquilo que o Bloco e a CDU puderem conseguir nesta legislatura passa pela afirmação duma liderança forte no PSD.
Não é tão paradoxal como parece. O crescimento do PSD, obriga o PS a esticar-se para a direita, e com isso abrir o campo à sua esquerda.
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