segunda-feira, 9 de novembro de 2009


No 20º aniversário da queda do Muro de Berlim

Neste blogue, instituí para mim mesmo uma regra: não publico postas sobre assuntos acerca dos quais já tudo foi dito, apenas para “tomar posição”. Mas hoje comemora-se a queda do Muro de Berlim e sinto-me na obrigação de a infringir.

Faço-o porque não quero que confundam o meu silêncio com uma abstenção. Tanto mais que já li textos suficientes que, vindos da "esquerda", revelam uma atitude complexada em relação aos acontecimentos que hoje se comemoram.

A queda do Muro? Sim, mas…
- “Não posso festejá-la, porque ainda existem muitos muros por derrubar.”
- “Não posso festejá-la, porque implicou o fim da RDA, onde nem tudo eram desgraças.”
- “Não posso festejá-la, porque não quero que me confundam com aqueles que festejam uma vitória do capitalismo.”
- “Não posso festejá-la porque, a partir daí, os EUA afirmaram-se como a única superpotência e como polícias e senhores do mundo.”
- Etc.

Quero deixar claro que, para mim, a liberdade de informação e de expressão, a liberdade de organização e de acção política, a liberdade de viajar e de emigrar, são valores sem preço. E, portanto, não há “mas” que me impeçam de festejar a queda do Muro.

A crítica do capitalismo é outro assunto – e não é por isso que fica esquecida.

Pelo contrário. Para muitos, a existência daquele Muro era a expressão mais clara da falência do socialismo. O Muro, pelo simples facto de existir, significava para muita gente a prova evidente da superioridade da RFA sobre a RDA.

Há vinte anos o Muro da Vergonha caiu. E só porque não temos nenhum problema em exprimir a nossa alegria, é que a nossa crítica do capitalismo pode ter aceitação e credibilidade.

1 comentário:

  1. Confesso que, apesar de não concordar com muros,e de nunca ter militado em quaquer partido político por presar muito a minha liberdade, me senti entristecido, como que humilhado na minha condição de ex-assalariado, por ver a nata do capitalismo festejando, não a queda de um muro(que foi construído com sua anuência), mas a queda de uma utopia,que, independentemente dos malefícios causados por indivíduos sem excrúpulos,foi a ilusão de muitos humilhados e ofendidos,e, até, a causa de muitas melhorias nas nossas vidas de trabalhadores do mundo ocidental.
    Foi "só" por isto que a festa de ontem me entristeceu. Um abraço. Veríssimo

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