O PS vai a votos
Hoje e amanhã, realizam-se as “directas” para a eleição do novo secretário-geral do PS.
Ninguém ouviu a nenhum dos candidatos uma reflexão autocrítica acerca da acção do governo nos últimos seis anos. Também ninguém lhes ouviu novas propostas políticas. De resto, estando o partido amarrado aos termos do acordo assinado com a troika, também não se pode esperar do PS (seja qual for o próximo secretário-geral) uma oposição clara ao governo de Passos Coelho, que tem como programa fundamental o cumprimento desse mesmo acordo.
Já se sabe que Francisco Assis se apresenta como o candidato da “mudança na continuidade”, enquanto José Seguro propõe um “novo ciclo” de vida para o partido, mas, concluída a campanha eleitoral, não é fácil descobrir aquilo que os distingue. Seja como for, o PS vai a votos.
Até ontem, tinham as cotas em dia, e estavam, portanto, em condições de votar, cerca de 20 000 militantes. Nas últimas eleições votaram 29 341, tendo José Sócrates sido eleito com 26 713 votos (93,3%).
Destes eleitores, talvez um 1/5, possivelmente menos, participe regularmente nas actividades do partido. O PS é um partido de quadros e a actividade militante dos seus membros confunde-se com o desempenho de cargos políticos ou administrativos, exercidos por eleição ou nomeação, em diversas instâncias do aparelho de Estado.
É destas pessoas, da capacidade que tiverem ou não para chamar às urnas os filiados mais ou menos passivos e de os convencer das vantagens em votar no seu candidato, que depende o resultado das eleições.
Daí, a importância do “aparelho”, quer dizer, da direcção das Federações Distritais, das Concelhias, controladas por autarcas e deputados e, ainda, das organizações da JS. Compete ao aparelho “ir buscar as pessoas a casa”, convencê-las a actualizar as cotas (se for preciso, pagando-as) e a votar no candidato “certo”.
Actualmente, no PS, o candidato maioritariamente apoiado pelo aparelho é António José Seguro e, por isso é o favorito,
No distrito de Braga, António José Seguro encabeçou as últimas listas de candidatos à AR. Em Braga, Mesquita Machado apoia-o. Penso que a maioria das restantes concelhias também, assim como a JS. Logo, neste distrito, José Seguro tem a vitória garantida. Só não se percebe como é que daqui vai nascer um “novo ciclo”. Parece-me que, pelo contrário, quem o apoia o faz para manter os poderes que já detém. Pelo seguro, votam no António José, mas o lema de Assis assenta-lhes na perfeição: “mudança na continuidade”.
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