quarta-feira, 13 de julho de 2011

Assis ou Seguro?

Não sou militante do PS, mas não sou indiferente aos rumos que ele, agora na oposição, vai ter que trilhar. Como tal, segui atentamente o frente-a-frente entre os dois candidatos à chefia do partido e não pude deixar de me colocar a questão: qual gostaria eu que ganhasse?

Confesso que não fui capaz de encontrar uma resposta. Pareceram-me demasiado iguais entre si e, pior do que isso, nenhum deles foi capaz de avançar uma ideia que me fizesse acreditar que, com ele, o PS seria diferente do que foi com Sócrates.

O PS de Sócrates, depois de seis anos no governo, deve ser responsabilizado pelo estado em que se encontra o país? Se acham que sim, então apresentem as suas críticas e propostas alternativas. Se acham que não, se pensam que a situação desastrosa em que nos encontramos tem as suas causas numa fatalidade que nos transcende e seria a mesma com outro governo qualquer, então o que é que os traz para a política?

Se têm consciência da crise profunda em que se encontra mergulhada a social-democracia europeia, então como pensam sair dela? Se acham natural a actual hegemonia política e ideológica dos partidos conservadores e liberais, então o que fazem num partido que se diz socialista?

Vi o debate e não encontrei reposta para estas e para outras perguntas. Entretanto, consta que Seguro tem o partido na mão e que Assis não tem hipóteses de vencer. Deve ser verdade, por alguma coisa a sua proposta mais “avançada” é a de alargar o direito de voto a não-militantes.

E este facto (o favoritismo de Seguro) é curioso. É que Assis sempre se apresentou como um defensor intransigente do governo Sócrates e, ainda há pouco tempo, o PS reelegeu Sócrates secretário-geral do PS com uma maioria albanesa. Pelo contrário, Seguro, sem nunca criticar o governo em questões essenciais, guardou muitas vezes um prudente silêncio, criando assim à sua volta uma aura de opositor ao socratismo. Então, como é que o “aparelho”, que apoiava Sócrates incondicionalmente, se volta agora para Seguro?

Só encontro uma explicação e peço-a emprestada a Tomasi di Lampedusa: por vezes, é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.

2 comentários:

  1. Amigo, não acha que seria melhor o Assis, para, com as suas atitudes mais estúpidas dar cabo do rest? O PS nunca será socialista, por isso, não há que pensar em refundá-lo à Mário Soares ou de qualquer outra maneira. Trata-se de mais social-democracia, de mais defesa do capitalismo, de melhor ou pior gerência da sociedade capitalista em que nos encontramos.
    Um abraço
    Toni

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  2. Caro Toni:

    Os partidos não são eternos, mas não me parece que nem o Assis, nem o Seguro, nem outro qualquer possam "dar cabo" do PS tão cedo... E isto porque a maioria do nosso eleitorado situa-se politica e ideologicamente no centro-esquerda e não há nenhum outro partido que dispute ao PS esse espaço.

    O meu problema não é o PS ser social-democrata, mas sim não o ser consequentemente, estando sempre disposto aliar-se à direita desde que isso lhe permita manter-se no poder.
    O meu problema não é o PS ser social-democrata

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