terça-feira, 8 de maio de 2012



Grécia – the day after

O ND e o PASOK elegeram 149 deputados – precisariam de um mínimo de 151 para poder formar um governo de coligação com apoio parlamentar maioritário. Uma alternativa de esquerda, também não parece viável. Aos deputados eleitos pelo SYRIZA (52), poderiam juntar-se, eventualmente, aqueles que foram eleitos pelo DIMAR (19) e, mais improvavelmente, os do KKE (26), o que se traduziria num apoio parlamentar insuficiente.

Nestas circunstâncias, a realização, a curto prazo, de novas eleições parece ser a hipótese mais provável. E, se assim for, é possível que se verifique alterações significativas na composição do parlamento grego. Em 8 de Maio, os gregos optaram por um “voto de protesto”. É provável que, chamados de novo às urnas, optem por um “voto estratégico”, determinado pela necessidade de viabilizarem uma solução governativa.

Basicamente, serão confrontados com três alternativas: 1) viabilizar um governo que prosseguiria a aplicação do programa da Troika, concentrando os seus votos na AD ou no PASOK e; 2) viabilizar um governo que defenderia a permanência da Grécia na EU e na eurozona, mas regeitaria o programa da Troika, concentrando os seus votos no SYRIZA; 3) optar por uma declaração de bancarrota e pela saída da Grécia da EU e da eurozona.

Esta 3ª hipótese só é explicitamente defendida pelos comunistas do KKE e pelos fascistas do XA, mas impor-se-á naturalmente se as duas primeiras falharem. E, nesse caso, penso que devemos temer pelo futuro da democracia na Grécia. Não porque admita a hipótese do KKE ou do XA tomarem o poder, mas porque penso que isso levaria provavelmente à instauração de uma ditadura militar, ao regresso dos coronéis.

Quanto à 1ª hipótese, ela significaria a continuação de uma política que tem condenado a Grécia à ruína e que os gregos rejeitaram liminarmente nas últimas eleições.

Resta-nos a 2ª hipótese. O SYRIZA tem recusado a chantagem que consiste em declarar que o programa da Troika é a única alternativa à bancarrota. Na sua opinião, a EU não se pode dar ao luxo de deixar cair a Grécia, porque as consequências da sua falência seriam devastadoras para a sobrevivência do euro. E, nestas condições, e possível renegociar o programa de assistência financeira, garantindo condições de crescimento económico, de combate ao desemprego e de defesa do estado social.

Por qual destas hipóteses vão os gregos optar? E qual será a resposta da EU se preferirem a 2ª? As respostas implicam não só o futuro da Grécia, como o da União Europeia. E, desde logo, o futuro de Portugal. Hoje, mais do que nunca, somos todos gregos.

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