Porquê a Greve Geral?
Já todos ouvimos dizer vezes sem conta que uma grande crise pode gerar uma oportunidade de mudança. No contexto da actual relação de forças entre a direita e a esquerda, entre o capital e o trabalho, não admira que sejam aqueles que representam os primeiros a sublinhar aquela afirmação. A crise económica que sofremos, e que teve a sua origem na desenfreada especulação financeira sustentada pelo dogma neoliberal da auto-regulação dos mercados, é para aqueles que a provocaram uma promessa de um paraíso há muito tempo sonhado.
Para esses, os anos do pós-guerra abriram um parênteses de conquistas sociais que agora importa fechar.
Por causa da crise é preciso desmantelar o sector público da economia, transferindo rentáveis monopólios naturais para as mãos dos privados; por causa da crise, é preciso flexibilizar os contratos de trabalho, de forma a facilitar os despedimentos; por causa da crise, é preciso proceder a cortes salariais, transferindo mais-valias acrescidas para os bolsos dos capitalistas; por causa da crise, é preciso salvar a banca (e os dividendos dos banqueiros), alimentando-a com dinheiros públicos; por causa da crise, é preciso, cortar nas despesas públicas com a educação, a saúde e a segurança social, o que penaliza gravemente aqueles que são economicamente mais fracos, mas poupa aos mais ricos uma contribuição fiscal justa para financiamento destes serviços.
Enfim, por causa da crise, os mais ricos têm que ficar mais ricos e os mais pobres mais pobres, o fosso social que divide as classes tem que ser alargado e as conquistas sociais que foram sendo conquistadas após a 2ª Guerra Mundial têm que ser abandonadas.
São estas as exigências dos “mercados”, é este o programa da troika e são estas as tarefas de que Passos Coelho foi incumbido.
É por isso que a Greve Geral é necessária. Não se trata apenas do roubo dos subsídios dos funcionários públicos e dos pensionistas. Não se trata apenas da recusa de uma política que condena o país a uma recessão económica prolongada e nos promete perto de um milhão de desempregados para 2013. O que está em causa são conquistas sociais duramente alcançadas, na Europa e em Portugal, ao longo das últimas décadas.
Querem-nos fazer regressar aos anos 30? Vamos aceitar isso sem lutar?
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