quarta-feira, 2 de novembro de 2011

As lições da Grécia

As políticas de austeridade que nos são impostas pelo FMI e pela dupla Merkl – Sarkhozy não são aceitáveis porque não são justas, não são equitativas e não são eficazes.

Não são justas porque condenam aqueles que menos culpas tiveram no desencadear da crise actual e deixam impunes os verdadeiros responsáveis. Não são equitativas porque penalizam os mais pobres (os funcionários públicos, os reformados, os trabalhadores mais precários e mais mal pagos, as pequenas e médias empresas), mas não atingem os grandes capitalistas (especuladores financeiros, exploradores rentistas de monopólios naturais subtraídos ao Estado, gente que deixou de investir nas actividades produtivas para se dedicar à exploração de auto-estradas, de hipermercados e de centros comerciais). Não são eficazes porque, desde os PEC’s socráticos até às medidas tomadas pelo governo de Passos Coelho, não conseguiram outra coisa que não fosse o aumento do desemprego, da pobreza e da recessão económica.

Aliás, estas medidas não são novidade. Já foram experimentadas na Grécia e os resultados estão à vista de todos. Foram adoptadas para “castigar” os incumpridores ou para defender os interesses da banca europeia? Agora nada disso importa. Com a Grécia à beira da bancarrota, o “castigo” voltou-se contra os juízes que o decretaram e atingiu em cheio os próprios banqueiros.

Ninguém sabe qual será o desfecho do referendo proposto por Papandreou. Na situação em que nos encontramos, tanto a aceitação do novo pacote de medidas de austeridade imposto por Merkl – Sarkhozy, como a saída da Grécia do euro, se traduzirão numa gravíssima crise económica que não se confinará às fronteiras gregas, mas atingirá toda a Europa.

Apenas com uma diferença: é que os gregos já pouco têm a perder. Os outros não poderão dizer o mesmo.

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