quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As lições da Itália

Berlusconi demitiu-se do cargo de 1º ministro sem deixar ninguém roído de saudades. Mas quem forçou a sua demissão? No parlamento italiano não foi aprovada nenhuma moção de censura, nem rejeitada nenhuma moção de confiança. Pelos vistos, quem determina a continuidade ou a queda de um governo italiano já não são os órgãos democraticamente eleitos de quem o governo deveria depender. Quem demitiu, então, o governo de Berlusconi? A resposta parece evidente: as agências de rating norte-americanas, os mercados financeiros, os banqueiros italiananos.

Entretanto, Mario Monti (um antigo alto quadro da Goldman Sachs) já formou o novo governo: um governo de tecnocratas sem filiação partidária que, “porque não há alternativa”, mereceu a aprovação do parlamento italiano.

A situação italiana é conhecida: os juros da dívida pública já atingiram o limiar dos 7%, o que deixa a Itália sob a ameaça de ter que recorrer ao FEEP que, aliás, não dispõe dos capitais que seriam necessários. Perante o alarme geral, os “mercados” e a banca ditaram um novo programa de governo, “técnicos” da sua confiança foram chamados a executá-lo, o FMI vai supervisionar a sua aplicação e o o directório Merkozy abençoa a solução encontrada.

Já se sabe que solução é essa. Conhecêmo-la da Grécia, da Irlanda e de Portugal: cortes nas despesas públicas, cortes salariais, despedimentos. Também conhecemos os resultados. Os especuladores parece que gostam, os povos parece que não.

Fica uma pergunta: onde está a Democracia?

1 comentário:

  1. Excelente artigo de James K. Galbraith, economista e professor na Universidade de Texas em Austin sobre a crise em http://esquerda.net/artigo/crise-na-zona-euro

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