Procurar
consensos
Construir alternativas
António José Seguro afirmou ontem,
numa entrevista à SIC, que a primeira medida que tomaria, se fosse primeiro-ministro,
seria renegociar com os credores da dívida público os prazos e os juros do seu
pagamento. O Bloco de Esquerda pensa que, além disso, devem ser revistos os
montantes da dívida. E, recentemente, Jerónimo de Sousa defendeu a indexação dos
limites do serviço da dívida a 2,5% do valor das exportações. Os parceiros
sociais representados no CES consideraram que as metas previstas pelo memorando
da troika são inalcançáveis e o Orçamento de Estado, definido em função dessas
metas e aprovado na AR pelo PSD e pelo CDS tem sido considerado, inclusive por
pessoas comprometidas com os partidos do governo, inexequível.
Os partidos que se afirmaram contra o
memorando da troika obtiveram, nas últimas eleições legislativas, cerca de 13%
dos votos. E se o PCP conseguiu segurar o seu eleitorado tradicional (aquele
que, em qualquer circunstância, vota sempre na CDU), a posição anti-troika do
Bloco de Esquerda traduziu-se numa forte penalização eleitoral (perda de metade
dos votos e do grupo parlamentar).
Por parte dos partidos do “arco da
troika”, distinguiam-se duas posições diferentes: O PS assumiu o resgate
financeiro e as condições impostas pelo memorando como um mal necessário, o PSD
e o CDS consideraram que os termos do memorando coincidiam com o seu próprio
programa e, no governo, apostaram mesmo em “ir mais longe” do que aquilo que
ele impunha. Mas todos eles, PS, PSD e CDS (e, com eles, 78,3% do eleitorado)
consideravam-no como inevitável e propuseram-se colaborar no seu cumprimento.
Passado cerca de um ano e meio, a
situação alterou-se completamente e gerou-se um consenso muito alargado acerca
da impossibilidade de cumprir o tal memorando “inevitável”. Mais ainda,
percebe-se hoje que os únicos frutos seguros da aplicação desse programa são a
destruição da economia portuguesa, o crescimento imparável do desemprego e o
alargamento de situações de pobreza a sectores consideráveis da classe média.
Evidentemente, nem todos os críticos
da fidelidade canina do governo aos termos do memorando da troika, apresentam
as mesmas soluções alternativas. Isso não significa que não hja lugar para
consensos pontuais e que isso não deva ser explorado tendo em vista a construção
de alternativas futuras o mais abrangentes possíveis.
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