quinta-feira, 25 de outubro de 2012



O dilema de Vítor Gaspar


Aumento dos impostos ou desmantelamento do Estado social?

Finalmente, Vítor Gaspar abriu o jogo: o Estado social tem custos. Se pretendem que o Estado mantenha as suas funções sociais, não se queixem do aumento de impostos; se não suportam o aumento dos impostos, abdiquem dessas funções sociais. De facto a alternativa com que nos quis confrontar não descreve inteiramente a política deste governo que, simultaneamente, fez subir extraordinariamente a carga fiscal, ao mesmo tempo em que se empenha na deterioração das obrigações sociais do Estado em termos garantia do acesso de todos à educação e cultura, à saúde e à segurança social.

Além disso, essas declarações omitem um facto essencial: uma grande fatia das despesas públicas não está realmente consagrada às despesas do Estado social, mas ao serviço da dívida pública, à satisfação da voracidade insaciável das PPP’s e ao financiamento de bancos mais interessados em usar os capitais públicos obtidos em actividades especulativas do que no financiamento das nossas empresas.

Finalmente, Vítor Gaspar parte do princípio que a recessão económica é um facto inelutável e sem fim à vista. E, se assim fosse, teríamos que admitir que tinha razão: o financiamento das funções sociais do Estado tornar-se-ia, mais cedo ou mais tarde, insustentável. Mas, com isso, vem dar razão àqueles que criticam as políticas troikistas do seu governo. Uma política alternativa, favorável ao crescimento económico, não pode passar nem por um enorme aumento de impostos, nem pelos cortes das funções sociais do Estado, mas pela denúncia do memorando e pela reestruturação da dívida.

Sem comentários:

Enviar um comentário