domingo, 18 de dezembro de 2011

Das declarações “escandalosas” às perguntas pertinentes

Ia caindo o Carmo e a Trindade. José Sócrates, num encontro informal com estudantes da América Latina, afirmou que a dívida pública não era para se pagar, mas para se ir pagando. Dias depois, Pedro Nuno dos Santos, vice-presidente da bancada parlamentar do PS, num jantar com militantes, afirmava que, antes de se preocupar com os interesses da banca alemã e francesa, o governo se deveria preocupar com o bem-estar dos portugueses, e defendia a renegociação da dívida, ameaçando os nossos credores de não a pagarmos.

Levantaram-se vozes indignadas. A dívida deve ser paga? É claro que sim. Aliás acabamos de pagar recentemente dívida pública contraída no tempo da 1ª República… As afirmações do deputado do PS são irresponsáveis? Julgo que irresponsável é pensar que o caminho para o pagamento da dívida passa pela destruição em curso do que resta da economia nacional, a mando do directório Merkozy.

O PS, finalmente “desmascarou-se”? Nem por isso. Sócrates e Pedro Nuno dos Santos apenas afirmaram o óbvio. O fundamental continua por apurar. Se queremos, de facto, compreender como foi possível chegarmos à situação em que nos encontramos, precisamos de seguir por outros caminhos. Por exemplo, por aquele que nos é apontado pela Auditoria Cidadã à Dívida Pública, cuja Convenção reuniu no sábado 600 pessoas, no cinema S. Jorge, em Lisboa.

Quanto devemos? A quem devemos? Por que devemos? Para onde foi o dinheiro? Estas são as questões que têm de ser colocadas e que exigem resposta. A 1ª Convenção da Auditoria Cidadã à Dívida Pública aprovou ontem uma Resolução e elegeu uma Comissão de Auditoria Cidadã. Importa seguir com atenção a continuação dos seus trabalhos.

Sem comentários:

Enviar um comentário