quarta-feira, 1 de junho de 2011

Porque não voto PS

A campanha eleitoral entrou na recta final. Chegou o momento de tomar decisões claras e definitivas. Descartada a hipótese de votar no PSD ou no CDS, partidos de quem tudo me afasta – desde as convicções ideológicas até às propostas políticas, explico aqui porque não voto no PS, embora partilhe com muitos dos seus apoiantes um projecto de uma sociedade onde a liberdade individual não se esgote num conjunto de direitos jurídicos, mas se possa apoiar numa efectiva igualdade de direitos sociais.

Não posso votar no PS pelas razões que enumero:

1) Porque, depois de 6 anos no governo (de facto 12 nos últimos 14 anos, se lhes acrescentarmos os anos do governo de Guterres), temos mais de 700.000 desempregados, 2 milhões de pessoas a viver na pobreza, uma das sociedades mais desiguais da Europa em termos de distribuição da riqueza, a economia em recessão e o país à beira da bancarrota. Não voto no PS porque não premeio com o meu voto quem nos conduziu até aqui.

2) Porque assinou com o FMI-CE-BCE um acordo que nos condena a um agravamento terrível da situação já existente e compromete qualquer hipótese de recuperação económica.

3) Porque tem aproveitado a campanha eleitoral para prosseguir uma política baseada na mentira, procurando afirmar-se como defensor de causas que o acordo que assinou com a troika comprometem. Porque se tem afirmado como o grande adversário de uma direita com quem se gostaria de coligar e com a qual partilha no essencial o mesmo programa.

Repito: não tenho divergências de princípio com muitos dos militantes e simpatizantes do PS. Pelo contrário, penso que a sua participação é indispensável na construção de uma alternativa de esquerda à direita que agora se perfila para tomar o poder. Mas penso que a sua hipotética recuperação para a construção de um projecto político que mereça, de facto, o nome de socialista e democrático passa necessariamente por uma “cura de oposição”, que lhe permita reflectir politicamente, rever ideias e libertar-se de uma direcção de carreiristas para quem o poder se tornou um fim em mesmo.

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