domingo, 24 de abril de 2011

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FMI, sondagens e eleições

Depois de seis anos no governo, o PS deixou o país perto da bacnarrota – o partido está a subir nas sondagens. O PSD reafirma a sua intenção de entregar o Estado social nas mãos dos privados – provavelmente, dizem as sondagens, vencerá as próximas eleições. O CDS não diz nada quanto ao seu programa, sabe-se apenas que quer ir para o governo com o PSD e com o PS – as sondagens mostram que os portugueses acham bem.

Tudo tem a sua lógica: uns culpam o Sócrates (e têm razão) – e votam no Coelho; outros têm medo do Coelho (e têm razão) – e votam no Sócrates; outros não confiam nem Sócrates nem no Coelho (e têm razão) – e votam no Portas.

Entretanto, todos eles “negoceiam” com o FMI. Ou seja, apesar das “divergências” e acusações mútuas, todos se dispõem a acatar as suas ordens e a executá-las em conjunto no governo.

Aquilo que a troika FMI-CE-BCE vai impor a Portugal como condição de um empréstimo que rondará os 80 mil milhões de euros não será muito diferente daquelas que foram impostas à Grécia e à Irlanda: cortes nos salários, cortes nas despesas públicas (nomeadamente, na educação, na saúde e na segurança social), aumento de impostos, privatizações e facilitação dos processos de despedimento. Portanto, estamos em condições de avaliar as suas consequências. Na Grécia, a aplicação desta receita teve como consequência uma descida do PIB de cerca de 10%, ou seja, a economia grega entrou numa pronunciada fase de recessão o que, em termos sociais, se traduziu em falências, desemprego e miséria. Entretanto, a taxa de juro das obrigações do tesouro a dez anos que se encontrava em 8,69%, quando se iniciou a “ajuda” do FMI-FEEF, encontram-se hoje em 15,19%. Ou seja, quando em 2013, a Grécia tiver que regressar aos mercados para se financiar não estará melhor do que em 2010. Os ganhos conseguidos pela contenção das despesas públicas terão sido “comidos” pelo crescimento especulativo dos juros e os sacrifícios impostos ao povo terão sido sofridos em vão.

É bem possível que este cenário se reproduza em Portugal. É então isso que queremos, a acreditar nas sondagens têm sido publicadas?

Não acredito que os portugueses alimentem quaisquer ilusões acerca da natureza das condições que acompanham a “ajuda” externa que se anuncia e que o PS, o PSD e o CDS se preparam para satisfazer. Então, como compreender que o BE e a CDU, os únicos partidos que as têm contestado, não subam nas sondagens e, em conjunto, não ultrapassem os 15% das intenções de voto?

Na minha opinião, isso acontece porque as propostas alternativas que esses partidos têm apresentado apontam para um horizonte temporal de médio e de longo prazo, quando aquilo que preocupa os eleitores é o dia de amanhã. Sem a intervenção do FMI e do FEEF, dentro de dois meses, haverá dinheiro para pagar aos funcionários públicos, aos pensionistas, aos beneficiários do magro subsídio de desemprego? A maioria pensa que não e é por isso, e não porque alimente ilusões acerca da bondade da “ajuda” externa, que não seguem aqueles que a recusam liminarmente.

Ao Bloco e ao PCP compete, com certeza, mostrar que existem alternativas globais e de esquerda às receitas da troika. Mas, isso não os dispensa, de mostrar por que é que, votando nos seus candidatos, os portugueses podem limitar os danos que a inevitável aplicação dessas receitas vão implicar.

Aquilo que explica o sentido das últimas sondagens é que, em última análise, neste momento, os portugueses estão mais interessados em resultados concretos, exequíveis no curto prazo, do que em pedagogia política.

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