FMI e Passos Coelho, uma estratégia comum
O programa de cortes apresentado pelo FMI ao governo fala por si e não me é fácil encontrar adjectivos que o qualifiquem. O que importa é saber até que ponto ele coincide com o programa do governo.
Os elogios de Carlos Moedas são a este respeito esclarecedores: numa prática que se tem tornado usual, o governo envia uns batedores para reconhecer o terreno antes de fazer avançar o exército em peso.
Passos Coelho já afirmou que o seu governo cumpre uma missão histórica: Em primeiro lugar, é preciso facilitar despedimentos, reduzir o direito ao subsídio de desemprego e precarizar as relações laborais, num contexto de recessão económica, visa apenas reduzir salários a valores mínimos. A isto ele chama "empobrecer". Em segundo lugar, é necessário proceder a reduções radicais nas despesas com a Educação, a Saúde e nas pensões dos reformados. Chama a isto "refundar o Estado".
Em causa ficam o direito a uma vida digna, o direito à saúde, a igualdade de oportunidades. Em contrapartida, ficamos em condições de satisfazer plenamente a avidez agiota dos nossos credores.
O governo de Passos Coelho não representa, pois, os portugueses que o elegeram, mas a troika. Assim, ninguém pode estranhar os elogios de Carlos Moedas ao relatório agora divulgado pelo FMI. Qualquer "divergência" que venha a ser descoberta incidirá apenas em questões de pormenor. O governo e o FMI têm uma estratégia comum: transformar Portugal num parente pobre da UE, que se sujeita a realizar os trabalhos mais desqualificados a troco de uma esmola.
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