Perguntas
e respostas
acerca da actual situação política
P1 – Quais
são as propostas políticas para sair da crise defendidas pelos diferentes
partidos de esquerda?
R1
– O PCP defende a
denúncia do memorando, a saída do euro e da União Europeia. O BE defende a
denúncia do memorando, mas a permanência na zona euro e na UE. O PS defende a
renegociação do memorando, a permanência no euro e na EU.
P2
– Dadas essas divergências, é possível a
formação de um governo que resulte de um acordo entre os diferentes partidos de
esquerda?
R2
– Não. Enquanto todos se mantiverem irredutíveis na defesa daquelas posições, não é possível qualquer acordo de incidência governamental entre eles.
P3
– Então, por que é que os diferentes partidos da esquerda
insistem em referir essa necessidade?
R3
– Para que cada um
deles possa, junto do eleitorado, responsabilizar os outros para o facto desse
acordo não se realizar.
P4
– Se uma coligação com o PS não é possível e se a CDU e o
BE dificilmente alcançarão, em conjunto, muito mais do que 20% dos votos,
por que é que ambos insistem em eleições antecipadas?
R4
– Porque sabem que o
PS ganharia essas eleições e que, no governo, seria obrigado a aplicar as medidas
de austeridade impostas pela troika. Com isso, o PCP e o BE contam chamar a si
os votos dos socialistas descontentes com essa governação. Nomeadamente, o BE
aspira tornar-se o SYRIZA português, mas, para isso, é preciso que o PS assuma
o lugar do PASOK.
P5
– E o PS, deseja eleições antecipadas?
R5
– Não, precisamente
porque não se quer ver no lugar que o PCP e o BE lhe reservaram. Para
beneficiar do descontentamento popular e fortalecer-se como partido de oposição,
o PS procura afirmar-se junto da opinião pública como crítico do governo, mas não
quer precipitar a sua queda.
P6
– Então, o governo PSD-CDS vai cumprir toda a legislatura?
R6
– É pouco provável. No
quadro da Constituição, só o PR e a AR podem provocar a queda do governo. Enquanto
o governo dispuser de uma maioria parlamentar, Cavaco Silva não o fará, ainda
que, pontualmente, possa distanciar-se da governação. Na AR, uma moção de
censura só será aprovada com os votos do CDS. É possível que os sucessivos
fracassos das previsões económicas avançadas pela dupla Passos-Gaspar, o
aprofundar da crise económica e social e a crescente impopularidade do governo
no seio do próprio eleitorado do centro-direita, se possa traduzir numa ruptura
no seio da coligação. Em última análise, o futuro do governo está nas mãos de
Paulo Portas.
P6 - O que podemos esperar da continuidade do governo PSD-CDS?
P7 - Mais do mesmo. Uma pesada carga fiscal, mais falências, mais desemprego e mais pobreza. Além disso, prosseguirá o ataque às funções sociais do Estado, Educação, Saúde e Segurança Social. E, por fim, pedir-se-á um novo resgate que será concedido em troca de mais austeridade. A principal diferença entre Portugal e a Grécia está no facto dos gregos nos levarem alguns anos de avanço na aplicação desta receita.
P6 - O que podemos esperar da continuidade do governo PSD-CDS?
P7 - Mais do mesmo. Uma pesada carga fiscal, mais falências, mais desemprego e mais pobreza. Além disso, prosseguirá o ataque às funções sociais do Estado, Educação, Saúde e Segurança Social. E, por fim, pedir-se-á um novo resgate que será concedido em troca de mais austeridade. A principal diferença entre Portugal e a Grécia está no facto dos gregos nos levarem alguns anos de avanço na aplicação desta receita.
P7
– E o que pensam os portugueses desta situação?
R7
– Uma sondagem
realizada pela Pitagórica entre 9 e 16-11 diz-nos que a maioria dos portugueses
está descontente com o governo PSD-CDS (votariam nos partidos do governo apenas
36,6% dos eleitores); que, no entanto, só 24,7% querem eleições antecipadas; que
65,3% consideram que o memorando da troika deve ser respeitado, embora 84,1% pense
que deva ser renegociado; e que só 27,5% pensam que o memorando deva ser
unilateralmente denunciado, número que se aproxima daquele que admitem a saída
do euro (26,9%). Aparentemente, estes resultados denotam alguma convergência
com as posições do PS (36,2% das intenções de voto, mais 8% do que nas
anteriores eleições), mas a situação está a evoluir rapidamente (recorde-se que
os partidos anti-troika, somados, só obtiveram cerca de 13% dos votos nas eleições
de 2011), pelo que ninguém pode garantir que se mantenham num futuro próximo.
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